"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

11.11.13

Beira Sensual

Conheci na Beira Interior alguns produtos alimentares que fazem as delícias das papilas gustativas.
A nossa castanha, o azeite e os queijos serranos são um cartão de visita da nossa região.

Quando comparo a apresentação destes produtos com os seus concorrentes internacionais, verifico que não cuidamos da nossa imagem. São muito bons, mas não transmitem sedução ao cliente. E isso conduz-me a uma reflexão maior: valorizamos na nossa identidade as diversas batalhas que por aqui passaram em detrimento das bonitas histórias de amor que aqui se viveram.

Estamos no Outono e o nosso chão carrega-se das cores mais bonitas da natureza, usadas em todo o mundo na decoração de interiores. E nós não vendemos esse património. Limitamo-nos a valorizar “outras coisas”, como o património construído que polvilha a nossa região, paredes meias com prédios e marquises descaraterizantes.

Um casal enamorado da cidade terá dificuldade em lembrar-se das Casas do Côro ou das Casas da Lapa, para viver dias de amor.
Mas as regiões serranas de Itália, da Suíça ou mesmo da Irlanda, transmitirão a imagem sedutora que o enamorado casal pretende vivenciar por estes dias.

Acredito que este fenómeno esteja associado ao passado desta região, onde o frio inundava as casas, e assumia-se como inimigo dos beirões.

E isso marcou-nos na capacidade de sonhar e seduzir.

Vivemos tempos loucos. Sabemos agora que o futuro será o que fizermos dele. E se tivermos a utopia de imaginar uma Beira Sensual, correremos o risco de deixarmos aos nossos filhos uma região que todos querem visitar.

in O Interior