Estudo conclui que a região tem melhor saldo entre o dinheiro depositado e os créditos contraídos junto dos bancos
Os concelhos do Norte da Beira Interior são os que têm melhor saldo entre o dinheiro depositado e os créditos contraídos junto dos bancos, conclui um estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social. O trabalho O Mercado do Crédito na Beira Interior, dos investigadores José Pires Manso e Rita Duarte, da Universidade da Beira Interior, foi baseado em informações do Instituto Nacional de Estatística no período compreendido entre 1995 a 2003.
Segundo os dados analisados, na Beira Interior, os depósitos feitos nas instituições financeiras têm valor superior aos créditos concedidos, mas o saldo é cada vez menor. "O valor dos depósitos pouco cresceu", enquanto o total de créditos [de todos os tipos] concedidos aos residentes e empresas da Beira Interior apresenta taxas médias de crescimento próximas dos 15 por cento ao ano. Segundo o estudo, há duas conclusões possíveis: "A capacidade de poupança dos residentes na região da Beira Interior tem vindo a baixar ou os juros pagos pelas entidades financeiras não são suficientemente atractivos para que as pessoas depositem aí as suas economias".
Nas zonas da Cova da Beira e da Beira Interior Sul, a situação caminha rapidamente para uma inversão. "Num prazo não muito dilatado no tempo, poderão vir a tornar-se crédito-dependentes", ou seja, o valor dos créditos concedidos vai ultrapassar o dos depósitos, conclui o estudo. Do lado oposto desta tendência estão os concelhos mais rurais, que se distinguem por fazer mais depósitos bancários.
A Beira Interior Norte representa 40,71 por cento dos depósitos bancários totais da região. Uma das causas desta "capacidade depositante" é a "forte emigração que existe na área", explica Pires Manso. "Nos concelhos da Beira Interior Norte são depositadas muitas remessas de emigrantes". Por outro lado, "as famílias estão habituadas a investir pouco e a poupar muito para qualquer eventualidade, o que gera essa capacidade depositante e diminui o recurso ao crédito", explica.
Saldo de quase 800 milhões entre depósitos e empréstimos
Um dos concelhos da Beira Interior Norte é o do Sabugal, que entre os 18 estudados registou o maior valor de depósitos per capita em 2003: 16.990 euros. Pires Manso é natural daquele concelho e recorda que, por tradição, "a maior parte das compras era feita a pronto pagamento".
Em 2003, o saldo entre depósitos e empréstimos era de quase 800 milhões de euros na Beira Interior Norte, ultrapassava os 200 milhões na zona da serra da Estrela, enquanto na Beira Interior Sul e na Cova da Beira já não chegava à fasquia dos 200 milhões de euros.
O concelho que acumulou mais créditos foi o de Castelo Branco, com 24,7 por cento do total da Beira Interior, seguido da Covilhã, com 17,9 por cento, e da Guarda, com 17,5 por cento.
"De 1999 a 2002, o valor do crédito concedido às empresas cresceu consideravelmente, mas o número de empresas e sociedades com sede na região diminuiu", salienta o estudo, concluindo que o valor de cada empréstimo tem aumentado.
O estudo abarca os concelhos de Seia, Gouveia e Fornos de Algodres, que integram a Nomenclatura de Unidade Territorial (NUT) da Serra da Estrela; os concelhos da Guarda, Celorico da Beira, Pinhel, Almeida, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Trancoso, da NUT Beira Interior Norte; os concelhos de Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Penamacor e Idanha-a-Nova, da NUT Beira Interior Sul; e os concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, da NUT Cova da Beira.
Ainda segundo o trabalho, em 2003, as três principais cidades (Covilhã, Castelo Branco e Guarda) concentravam mais de metade dos 219 estabelecimentos financeiros existentes na região.
Lusa
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