"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

29.8.09

E as reformas com 20 anos de descontos?

A esperança média de vida evoluiu a passos largos para os 80 anos. Tal significa, em contas de merceeiro, que não é possível pagar durante 15 anos o TRIPLO do valor que foi cobrado durante 40 anos, se nos lembrarmos que ás despesas da segurança social acrescem os desempregados e os inválidos.

Isto significa que todos aqueles que rodam os 60 anos, e que reclamam legitimamente para si o mérito da geração de Abril, são os mesmos que obtêm condições excepcionais de reforma do Estado. De tal forma que aos seus filhos caberá a responsabilidade de as pagar sem que algum direito possam vislumbrar no seu hipotético momento de reforma.

A solução é simples: As reformas terão de ser distribuídas com base no saldo do ano anterior, isto é, após o apuramento das receitas, dos custos com baixas e com desemprego.

Assim teremos um modelo que a todos servirá.

Fico no entanto expectante sobre o que pensam as classes políticas que arrogam para si o estatuto dos mineiros, reclamando reformas com 20 anos de descontos.

25.8.09

Caciquismo impede alternância democrática e renovação dos cargos políticos.

Só 29 dos actuais 308 presidentes de câmara não se recandidatam
A notícia confirma aquilo que já se sabe: no poder local os Presidentes de Cãmara permanecem no cargo quase enquanto quiserem. A conclusão óbvia seria a de que, neste sector específico da actividade política, a qualidade do trabalho realizado seria pouco menos do que insuperável. Pura ficção. Estamos no campo puro e duro do caciquismo. Quem chega ao poder dificilmente de lá sai porque estabelece um poder pessoal sobre todos os mecanismos que afectam directa ou indirectamente a reeleição. Não há eleições em que o detentor do cargo político tenha tantas vantagens sobre os demais concorrentes como as autárquicas. Controlo da máquina da auatarquia, incluindo os recursos da mais variada ordem, controlo da débil e servil imprensa local, controlo dos sectores do negócio ligados ao imobiliário, habituais financiadores das campanhas autárquicas de quem está no poder, etc.
O fraco, para não dizer inexistente, controlo democrático do exercício do poder executivo leva a que tudo seja possível incluindo uma extrema pessoalização do poder municipal. A Câmara Municipal é, em regra, o umbigo do Presidente e um limitado círculo aí centrado no qual só têm lugar aqueles que fazem da obediência servil a sua regra.
Suponho que o PS e o PSD alterarão a lei que impede a reeleição, a partir de 2013, de autarcas com mais de 3 mandatos exercidos. O apelo dos caciques é intenso e alguns autarcas criaram raízes profundas no cargo que se disseminam por dentro das frágeis estruturas partidárias que secam e controlam. Trata-se de um processo de natureza cancerigena e, como sabemos, ainda não há cura para o cancro. Quando isso, por alguma razão, não acontece e os partidos promovem a renovação o autarca, na iminência de ser afastado, passa a independente com um qualquer "discurso de suporte político" para a sua decisão. O caso mais recente é o do autarca de Sines que descobriu, convenientemente, que nunca tinha sido estalinista e que o seu partido ao longo de 30 anos era estalinista que se fartava. Convivência incompatível, como se compreende. Quem é que quer ser afastado de um poder cujos mecanismos de controlo domina depois de o ter aperfeiçoado ao longo de 12 anos?
O que é inovador nesta notícia é a informação de que nalguns casos o pai é sucedido pelo filho. Ora, aqui está uma inovação. Talvez possa ser por esta via que, pouco a pouco, se vá restaurando a monarquia sem necessidade dos betinhos andarem a escalar as fachadas dos edificios municipais.

PS - declaração de interesses - sou candidato independentre pelo BE à Câmara de Sines da qual fui vereador, sem pelouros atribuídos, vulgo vereador da oposição, entre 1993 e 2001, eleito nas listas do PS, cuja candidatura liderei nas duas eleições.

in Pedra do Homem, João Carlos Guinote

6.8.09

Ética: Um produto em valorização


O advento das redes sociais levanta um mar de oportunidades. As virtudes da inteligência colectiva superam a tradição individualista e segredista associada ao conceito de competitividade que vinha marcando a era da industrialização.

O networking incrementa as nossas capacidades criativas e fomenta a inovação em todos os sectores. Nesta corrente de pensamento, há ainda quem defenda que as patentes prejudicam a inovação (Free Culture, Lawrence Lessig).
Nunca a expressão "da discussão nasce a luz" foi tão apropriada como nesta era de globalização. Mas como sempre na história da humanidade, o perigo espreita.

E se da discussão nasce a luz, da cópia, as trevas! As boas ideias deveriam suscitar outras e não réplicas.

2.8.09

Please note my mobile number!


Não sei definir o nr de ocasiões em que apoiei turistas em Portugal a organizar roteiros de visita ou a traduzir ementas gastronómicas. Pessoas que conheço entre restaurantes e estações de combustíveis onde os primeiros minutos de conversa são decisivos para compreender as suas motivações.

Palavra puxa palavra – e em quantidade quando os interlocutores gostam de compreender outras culturas – e revemos nesses turistas os mesmos objectivos que os nossos: Visitar outros países e serem bem recebidos!

Portugal tem um cartaz de excelência: Óptimas condições climatéricas; Segurança; Um povo acolhedor e tolerante; Um território com história e em muitos casos bem preservado.

Causo sempre surpresa quando no final da conversa concretizo um hábito da cordialidade empresarial: Faculto o meu email e nr de tlm.

Este acto tem especial importância para estes turistas que sabem que não espero deles qualquer encomenda, mas que essa informação pode ser-lhes útil numa qualquer situação que ambos desejamos que não aconteça, e num território cuja língua desconhecem.

Quando regressam à sua casa têm algumas vezes a preocupação de me enviar fotos do local cuja visita sugeri e uma mensagem de agradecimento pelo “local support” que disponibilizei. Fico a saber que são juízes, investigadores, jornalistas, para citar alguns exemplos.

Esta é a sugestão que deixo neste período de verão em que o turismo vive uma crise à escala global, e em que pequenas iniciativas colectivas têm impactos superiores a campanhas publicitárias de muitos milhões de euros.

in Site Europeu da Criatividade e Inovação