"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

22.2.13

Quebrar o Gelo!


Cheguei a Trancoso em 2005.
Os meus filhos têm parcas memórias do tempo de Lisboa, sua terra natal.
Encantei-me com a qualidade do ar, com as paisagens e com o calor dos humildes.
Um dos meus filhos sofria de problemas respiratórios graves até à data da nossa migração. Nunca mais teve problemas!

A falta de trabalho da região não me afectou. Continuei a trabalhar para as mesmas empresas. Mas agora à distância.

Adaptei-me a quase tudo. Menos ao caciquismo.
As pessoas têm medo do lider que elegem. E por sua vez, o lider aproveita-se disso.

Foi no semanário “O Interior” que encontrei as primeiras vozes contra-corrente. Pessoas que não engavetam as suas opiniões.
E para quem não sabe, a diversidade é mais importante para o desenvolvimento de um território que os fundos estruturais nas mãos erradas.

Os consensos musculados são os melhores promotores de miséria social.
O tempo da Ditadura está na história para o provar.

Para mim, O Interior foi um facilitador da minha integração. Foi o quebra-gelo de um território isolado mas sem orgulho.

Aprender a viver com a diversidade é o desafio para a nossa região. Respeitar quem pensa diferente.

Felicito O Interior pelo seu 13º aniversário.


in O INTERIOR

13.2.13

Raia à Vista!

António Plácido Santos, conhecido empresário trancosense, manifestou indignação na sua página do Facebook com conduta da Associação Raia Histórica, entidade gestora de fundos comunitários na nossa região.

Justifica tal indignação com a insistente impossíbilidade da “Casa da Prisca” em utilizar os canais financiados por tal organismo para a distribuição dos seus produtos.

Informa no mesmo texto que irá dar conta de situações irregulares à Senhora Ministra da Agricultura e à Gestora do Proder.

Em comentário a este texto, Júlio Sarmento, Presidente do Conselho de Administração da Raia Histórica, vem contestar a acusação, lembrando que aquela instituição tem apoiado diversos projectos da família Plácido Santos, e que nesta fase de implementação da rede de lojas, não é suposto integrarem industriais da região.

José Amaral da Veiga, profissional liberal e membro da Concelhia do Partido Socialista, vem apoiar a indignação do empresário, denunciando que tem tomado conhecimento de diversas denúncias sobre as contratações de serviços daquela entidade, bem como sobre a utilização abusiva das suas viaturas.

Em resposta, o autarca Júlio Sarmento vem repudiar a atitude “daqueles que não criam um posto de trabalho” e assume aqui a propriedade de dois investimentos locais. A saber: o centro de inspecções e o hotel.
Com esta revelação, junta-se ao estimado grupo de políticos lusos com ambição tardia para os negócios.
Aproveita ainda o seu comentário para sugerir uma candidatura aos fundos europeus a outro empreendedor insatisfeito, recomendando o contacto directo, em detrimento dos serviços competentes daquela associação.

Ciclicamente, a Raia Histórica é alvo de suspeitas sobre os critérios de atribuição dos fundos comunitários.

Esta situação é insustentável. Porque coloca em causa os critérios de gestão do Proder na região e porque atenta ao bom nome dos administradores e colaboradores da instituição.

Creio que estas criticas não podem ficar sem resposta, sob pena de se considerar como verdade que existem critérios discriminatórios na utilização dinheiros europeus.

Citando o filósofo Agostinho da Silva, “Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno."

Crónica de Frederico Lucas para a Rádio Altitude