"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

3.12.09

Inspecção das autarquias diz que já recebeu 536 queixas este ano

A Inspecção-Geral da Administração Local (IGAL) já recebeu este ano 536 queixas de ilícitos praticados em autarquias, que seguem para o Ministério Público quando se verifica que são de natureza criminal.

Segundo dados fornecidos à agência Lusa pelo gabinete do secretário de Estado da Administração Local, que tutela aquele organismo, no ano passado o número de queixas chegou às 971 - 37 das quais se referiam a matérias de natureza criminal, "in-cluindo crimes que, genericamente,se incluem no tema "corrupção", co-mo sejam falsificação, prevaricaçãoe abuso de poder". As queixas quechegam à IGAL provêm de entida-des ou cidadãos, que usam quer aqueixa electrónica na página da In-ternet da inspecção-geral, quer fax,telefone ou correio. Normalmen-te, os aspectos criminais das infrac-?ções denunciadas estão também?"interligados" com irregularidadesadministrativas ou disciplinares.

"Se as queixas contiverem matéria crime são logo comunicadas ao Ministério Público", refere a tutela. AIGAL, que vai ter mais vinte inspectores em 2010, tem um plano anual de inspecções às autarquias. Quando as denúncias indicam "ilegalidade manifesta", a autarquia é alvo de um inquérito em causa antecipado.

Quando identifica, baseando-se nas queixas, "situações de risco", a IGAL decide que é melhor prevenir que remediar. Por exemplo, diz a mesma fonte, muitas queixas recebidas levaram a IGAL a concluir que a mistura de "funções oficiais com actividades privadas" por parte de eleitos era "fonte de conflitos de diversa natureza", pelo que decorre uma inspecção "transversal" a todos os municípios sobre esta questão.

O resultado das queixas apresentadas, porém, raramente chega ao conhecimento público, tanto mais que o site da IGAL apresenta graves problemas de funcionamento, e muitas vezes, quando se consegue aceder às conclusões dos inspectores, já passaram anos sobre a apresentação das respectivas queixas.


Lusa
in PÚBLICO

21.11.09

Economia DNS**: Um novo modelo de competitividade territorial

Já lhe chamaram “Nova Economia” e os economistas não gostaram!

Concordemos que dizia muito pouco sobre esta era da “revolução digital”.

A actividade económica corre hoje em bits. Os serviços desmaterializaram-se e cada um de nós contribui directamente para essa massa informativa.

O contacto passou a operar-se por mail, e isso possibilita que os trabalhadores possam desenvolver a sua actividade a partir do ponto que mais lhes convier.

A substituição dos Edifícios-Sede em endereços WEB veio decompor e desmaterializar as organizações.

Nenhum de nós saberá localizar geograficamente o Plano Tecnológico, a Nespresso ou a Brother mas o endereço web ocorre-nos instantaneamente se delas necessitarmos.

Este processo traz uma renovada competitividade aos territórios que reúnem melhores condições de vida, permitindo a estes um reposicionamento estratégico para a angariação de empreendedores e de recursos humanos qualificados. É uma realidade para o qual o marketing territorial não estava desperto devido ao foco na temática do turismo.

A atractividade de um território deve sem dúvida ser capitalizada, mas a aposta numa actividade sazonal, extremamente exigente em termos de organização do produto, tem apresentado resultados pouco entusiasmantes. Ao invés, os territórios de baixa densidade possuem o potencial ideal para competir no distinto mercado do trabalho global: Investindo em tecnologias da comunicação de excelência podem cativar novos residentes, isto é, uma aposta na sustentabilidade dos territórios.

O perfil das famílias dispostas a migrarem para territórios de baixa densidade são altamente desejáveis. Pelos hábitos de consumo, pelas dinâmicas e ritmos de desempenho profissional, pela cultura de cidadania.

A economia evolui a grande velocidade. Só há uma forma de a acompanhar, é sermos actores desta economia cada vez mais colaborativa.

A internet passa a concentrar as transacções que permitem o desenvolvimento das empresas: troca de ideias, serviços, fornecedores, clientes e pagamentos.

O posicionamento dos territórios de baixa densidade face à oportunidade de repovoamento será crucial: é possível querer mais do que turismo, é possível captar novos residentes e inverter um ciclo de despovoamento que só não afecta as grandes cidades. Este é um cenário emergente. Apenas para territórios mobilizados.


Por: Frederico Lucas *

*co-autor do projecto Novos Povoadores

** Domain Name Server

in O Interior

3.11.09

Sinais exteriores de corrupção

Olhe para o seu pulso esquerdo: está lá um Rolex? É verdadeiro? Recebeu-o de presente? Se respondeu sim a estas perguntas, trema: a sua face pode deixar de estar oculta.

O caso não cessa de surpreender. Há cada vez mais empresas envolvidas na "teia tentacular" de Manuel Godinho, sempre com o padrão de ligação ao Estado.

Sucata há em todo o lado, mas ainda não se ouviu falar de esquemas em grandes multinacionais ou indústrias privadas. O que terão as empresas do Estado de tão propício ou de tão vulnerável que as torna alvo de esquemas de corrupção ao mais baixo nível?

A pergunta é inquietante. Até ver, os conselhos de administração não são autores das falcatruas, são apenas cegos para elas. Mas por que razão é maior a cegueira nas empresas do Estado do que nas outras? E se é verdade, como tudo leva a crer, que a cegueira dos administradores é involuntária, por que razão quis Godinho afastar administradores (nomeadamente da Refer) e governantes que lhe dificultavam o acesso aos concursos? O que sabiam eles que os levava a desconfiar de Godinho? Porque foram impotentes para o travar? Um presidente sem poder para fechar uma porta a alguém tem poder algum? Insisto: os portugueses têm de saber porque grassa a corrupção nas suas empresas.

Até a explicação mais inócua não é inocente. Nas empresas públicas falta o controlo, a sindicância, a auditoria. Provavelmente, porque as pequenas máfias estão há muito instaladas e ramificaram-se de tal modo que a própria hierarquia da empresa se montou nela como numa rede debaixo do trapézio: se a rede fura, muita gente se estatela no chão. E o presidente torna-se o corno da história: o último a saber do amante.

As suspeitas que estão nos autos e mandados, a que o Negócios teve acesso, são tenebrosas. Anda meio mundo a prostituir-se com pins de grandes empresas na lapela. Cada velhaco tem o seu preço: um Rolex, um computador, um Mercedes ou a conta mensal do telemóvel. E por aí andam, nariz no ar, a fazer pela vidinha, intrujando a empresa e arrastando o nome dos colegas, chefes e chefiados para a lama onde rebolam como os porcos de Orwell: de cartola e relógio de pulso.

As regras existem mas ou não são sérias ou não são levadas a sério. O Governo institui um código do governo de sociedades para o Sector Empresarial do Estado, que ignora o tema das prendas porque foi a reboque dos assuntos da moda, como as remunerações dos gestores. Mesmo assim, quase nenhuma empresa do Estado cumpre todos os requisitos na divulgação de informação.

Mais: se Godinho é suspeito de crimes fiscais desde 2007, por que razão as empresas do Estado não o baniram da lista de fornecedores? A idoneidade não é critério?

Finalmente: o que diz o código de ética da REN, cujo presidente José Penedos foi ontem constituído arguido e que recebeu presentes (que garante ter doado a instituições de caridade)? Que "as ofertas recebidas de terceiros devem ser recusadas". Está bem abelha.

José Penedos não tem condições para continuar como presidente da REN, o que se aplica também a Armando Vara no BCP, como aqui já foi escrito. Mas isto é pregar no deserto daqueles para quem a lei é a ética republicana.

Aproxima-se o Natal, época de concórdia, de paz e de corrupção. Oh-oh-oh, venham de lá os sacos e os envelopes: cada prenda distribuída será retribuída. Se não for com amor, arranja-se um favor.


in Negócios, Pedro Santos Guerreiro

9.10.09

Se outros papam, cantemos nós!



Se estás farto desta cena
Se no bolso não tens não tens nem uma milena
Se não te importas com letras com métrica que dá pena
Então,
Apoia o Candidato Maizena.

Se não não suportas ouvir sempre a mesma cantilena
Se o teu ordenado não chega nem para a primeira quinzena
Se estás farto da sociedade que te aliena
Então,
Apoia o Candidato Maizena.

Se para ti a vida é uma arena
Se olhas para o futuro e ele não te acena
Se à fome a sociedade te condena
Então,
Apoia o Candidato Maizena.

Se és parte de uma minoria pequena
Sejas romena, chilena ou tchetchena
Se estás farto do patrão que te depena
Então,
Apoia o Candidato Maizena.

Mas,
Se acreditas que a vida vale a pena
Se como a Manuela também não gostas de papa madrilena
Se não queres que seja o José quem te coordena
Então,
Apoia o Candidato Maizena.

in Candidato Maizena

6.10.09

Estado vai passar a gerir finanças de Fornos de Algodres e Povoação

O Governo vai passar a ter uma intervenção directa na gestão das autarquias de Fornos de Algodres (Guarda) de Povoação (Açores), que são as primeiras a declarar-se incapazes de sanear as finanças municipais ao abrigo da Lei de Finanças Locais.

Os secretários de Estado da Administração Local e do Orçamento, Eduardo Cabrita e Emanuel dos Santos, já fizeram publicar em Diário da República os termos da aprovação dos empréstimos de 25 e 15 milhões de euros, respectivamente, que vão servir para, nos próximos 20 anos, liquidar as dívidas destas autarquias.

"Estes são os dois primeiros municípios a accionar este instrumentos previsto na Lei de Finanças Locais", confirmou à agência Lusa o governante com a tutela das autarquias. Eduardo Cabrita afirma que, "no total, o limite para a capacidade de endividamento foi superior ao legalmente permitido em cerca de 60 municípios", de um total de 308.

Castanheira de Pêra já iniciou também um processo semelhante que ainda aguarda decisão do Executivo.

O governante salienta, no entanto, que o facto de o limite ter sido ultrapassado "não bloqueou os projectos prioritários" e explica que, mesmo para as câmaras nesta situação, "são sempre concedidas autorizações extraordinárias para projectos que usam fundos comunitários ou de reabilitação urbana".

Exemplos são os "cerca de 400 centros educativos já em construção ou aprovados", afirma o secretário de Estado.

O limite da capacidade de endividamento líquida para as autarquias equivale a 125 por centos do volume de receitas, a esmagadora maioria das quais resultam das transferências do Orçamento do Estado e das receitas fiscais.

De acordo com a Lei de Finanças Locais, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2007, depois de as autarquias declararem a situação de "desequilíbrio financeiro estrutural", o Estado valida o empréstimo dos municípios junto de uma instituição financeira e passa a deter o controlo das finanças das câmara, monitorizando os prazos de pagamento a fornecedores e aprovando o "plano detalhado" que os municípios têm de apresentar com vista à redução das dívidas.

A câmara fica, assim, de acordo com os procedimentos publicados em Diário da República, "vinculada à adopção das medidas constantes no Plano de Reequilíbrio Financeiro", que é aprovado pelo Executivo, sendo obrigada a "reduzir o excesso de endividamento líquido total" e a "manter o prazo médio de pagamentos [a fornecedores] inferior a 90 dias durante a vigência do contrato de reequilíbrio financeiro".

Todas as despesas de investimentos e a assunção de encargos ficam sujeitas a "autorização prévia" do Executivo, o que deixa a autarquia "vinculada ao estrito cumprimentos das obrigações contratuais" que decorrem do plano de regularização financeira.

Caso haja quebra do acordo, o Ministério das Finanças retém a transferência do Orçamento do Estado e entrega-a directamente ao banco com que a autarquia fez o empréstimo para a regularização da situação financeira, conclui o despacho publicado em Diário da República.

in IOnline

25.9.09

Autárquicas: A Via Verde e a Via Vermelha

Estamos neste instante a discutir em Portugal os programas autárquicos.
Julgo consensual pensar que o factor chave desses programas será a capacidade de geração de emprego.

Na problemática do emprego, a arte consiste em encontrar um projecto que permita explorar ao máximo as competências dos trabalhadores para que os próprios e a sociedade absorvam um maior valor acrescentado das suas contribuições.

Mas, apesar de tudo, há duas vias.

No pressuposto de que a politica é a definição estratégica de um rumo que permita aos empreendedores a exploração de oportunidades, entendo como Via Verde as politicas que permitem a exploração das mesmas e a Via Vermelha a criação de postos de trabalho suportadas directa ou indirectamente nos orçamentos públicos, isto é, quando não têm a capacidade de se submeter ao mercado.

Assim, importa compreender quais as dinâmicas actuais e futuras da economia global e local, e desenvolver um modelo de crescimento alicerçado na atractividade de empreendedores para a sua exploração.
E porque a capacidade de arriscar não está distribuída equitativamente por todos, importa garantir que esses projectos de empreendedorismo consigam ainda absorver a mão de obra disponível local.

29.8.09

E as reformas com 20 anos de descontos?

A esperança média de vida evoluiu a passos largos para os 80 anos. Tal significa, em contas de merceeiro, que não é possível pagar durante 15 anos o TRIPLO do valor que foi cobrado durante 40 anos, se nos lembrarmos que ás despesas da segurança social acrescem os desempregados e os inválidos.

Isto significa que todos aqueles que rodam os 60 anos, e que reclamam legitimamente para si o mérito da geração de Abril, são os mesmos que obtêm condições excepcionais de reforma do Estado. De tal forma que aos seus filhos caberá a responsabilidade de as pagar sem que algum direito possam vislumbrar no seu hipotético momento de reforma.

A solução é simples: As reformas terão de ser distribuídas com base no saldo do ano anterior, isto é, após o apuramento das receitas, dos custos com baixas e com desemprego.

Assim teremos um modelo que a todos servirá.

Fico no entanto expectante sobre o que pensam as classes políticas que arrogam para si o estatuto dos mineiros, reclamando reformas com 20 anos de descontos.

25.8.09

Caciquismo impede alternância democrática e renovação dos cargos políticos.

Só 29 dos actuais 308 presidentes de câmara não se recandidatam
A notícia confirma aquilo que já se sabe: no poder local os Presidentes de Cãmara permanecem no cargo quase enquanto quiserem. A conclusão óbvia seria a de que, neste sector específico da actividade política, a qualidade do trabalho realizado seria pouco menos do que insuperável. Pura ficção. Estamos no campo puro e duro do caciquismo. Quem chega ao poder dificilmente de lá sai porque estabelece um poder pessoal sobre todos os mecanismos que afectam directa ou indirectamente a reeleição. Não há eleições em que o detentor do cargo político tenha tantas vantagens sobre os demais concorrentes como as autárquicas. Controlo da máquina da auatarquia, incluindo os recursos da mais variada ordem, controlo da débil e servil imprensa local, controlo dos sectores do negócio ligados ao imobiliário, habituais financiadores das campanhas autárquicas de quem está no poder, etc.
O fraco, para não dizer inexistente, controlo democrático do exercício do poder executivo leva a que tudo seja possível incluindo uma extrema pessoalização do poder municipal. A Câmara Municipal é, em regra, o umbigo do Presidente e um limitado círculo aí centrado no qual só têm lugar aqueles que fazem da obediência servil a sua regra.
Suponho que o PS e o PSD alterarão a lei que impede a reeleição, a partir de 2013, de autarcas com mais de 3 mandatos exercidos. O apelo dos caciques é intenso e alguns autarcas criaram raízes profundas no cargo que se disseminam por dentro das frágeis estruturas partidárias que secam e controlam. Trata-se de um processo de natureza cancerigena e, como sabemos, ainda não há cura para o cancro. Quando isso, por alguma razão, não acontece e os partidos promovem a renovação o autarca, na iminência de ser afastado, passa a independente com um qualquer "discurso de suporte político" para a sua decisão. O caso mais recente é o do autarca de Sines que descobriu, convenientemente, que nunca tinha sido estalinista e que o seu partido ao longo de 30 anos era estalinista que se fartava. Convivência incompatível, como se compreende. Quem é que quer ser afastado de um poder cujos mecanismos de controlo domina depois de o ter aperfeiçoado ao longo de 12 anos?
O que é inovador nesta notícia é a informação de que nalguns casos o pai é sucedido pelo filho. Ora, aqui está uma inovação. Talvez possa ser por esta via que, pouco a pouco, se vá restaurando a monarquia sem necessidade dos betinhos andarem a escalar as fachadas dos edificios municipais.

PS - declaração de interesses - sou candidato independentre pelo BE à Câmara de Sines da qual fui vereador, sem pelouros atribuídos, vulgo vereador da oposição, entre 1993 e 2001, eleito nas listas do PS, cuja candidatura liderei nas duas eleições.

in Pedra do Homem, João Carlos Guinote

6.8.09

Ética: Um produto em valorização


O advento das redes sociais levanta um mar de oportunidades. As virtudes da inteligência colectiva superam a tradição individualista e segredista associada ao conceito de competitividade que vinha marcando a era da industrialização.

O networking incrementa as nossas capacidades criativas e fomenta a inovação em todos os sectores. Nesta corrente de pensamento, há ainda quem defenda que as patentes prejudicam a inovação (Free Culture, Lawrence Lessig).
Nunca a expressão "da discussão nasce a luz" foi tão apropriada como nesta era de globalização. Mas como sempre na história da humanidade, o perigo espreita.

E se da discussão nasce a luz, da cópia, as trevas! As boas ideias deveriam suscitar outras e não réplicas.

2.8.09

Please note my mobile number!


Não sei definir o nr de ocasiões em que apoiei turistas em Portugal a organizar roteiros de visita ou a traduzir ementas gastronómicas. Pessoas que conheço entre restaurantes e estações de combustíveis onde os primeiros minutos de conversa são decisivos para compreender as suas motivações.

Palavra puxa palavra – e em quantidade quando os interlocutores gostam de compreender outras culturas – e revemos nesses turistas os mesmos objectivos que os nossos: Visitar outros países e serem bem recebidos!

Portugal tem um cartaz de excelência: Óptimas condições climatéricas; Segurança; Um povo acolhedor e tolerante; Um território com história e em muitos casos bem preservado.

Causo sempre surpresa quando no final da conversa concretizo um hábito da cordialidade empresarial: Faculto o meu email e nr de tlm.

Este acto tem especial importância para estes turistas que sabem que não espero deles qualquer encomenda, mas que essa informação pode ser-lhes útil numa qualquer situação que ambos desejamos que não aconteça, e num território cuja língua desconhecem.

Quando regressam à sua casa têm algumas vezes a preocupação de me enviar fotos do local cuja visita sugeri e uma mensagem de agradecimento pelo “local support” que disponibilizei. Fico a saber que são juízes, investigadores, jornalistas, para citar alguns exemplos.

Esta é a sugestão que deixo neste período de verão em que o turismo vive uma crise à escala global, e em que pequenas iniciativas colectivas têm impactos superiores a campanhas publicitárias de muitos milhões de euros.

in Site Europeu da Criatividade e Inovação

20.6.09

O que é que o #TGV tem?!


A discussão sobre o TGV está ao rubro.
Os socialistas defendem-no com unhas e dentes. Os social-democratas enchem o peito com a vitória das europeias e espirram a reavaliação.

O BE lembra que Augusto Mateus foi pago no âmbito do processo de Alcochete pelo que deveria abster-se de comentar.

Basílio Horta, Presidente do mais importante instituto da área económica, acha que está em causa a imagem de Portugal.

É pacífico pensar que os "sábios" economistas são pagos pelas avaliações e mais uma reavaliação traria novos contratos.

O que considero essencial:

a) Quantas pessoas vai transportar? Quantas são necessárias para a sua sustentabilidade?

b) Qual a vantagem que traz aos seus clientes sobre o meio aéreo?

c) Pode o TGV ser um meio relevante no transporte de mercadorias? É economicamente competitivo?


Até prova em contrário, acho que 5% do valor anunciado para o investimento no TGV seria muito mais útil num programa de dinamização de micro empresas em territórios de baixa densidade(*).


(*) Declaração de interesses: O autor é dinamizador de uma iniciativa de dinamização de TBD

26.5.09

Uma educação empreendedora

A Educação em Empreendedorismo pretende sensibilizar e motivar os alunos para a importância do empreendedorismo no mundo actual. Acreditamos que o empreeendedorismo pode ser aprendido e que é possível construir uma sociedade mais empreendedora explicando aos nossos jovens o que é o empreendedorismo e desmistificando o conceito.

A educação, ao longo do tempo, tem sido vista segundo uma dupla perspectiva.

Por um lado, uma educação que enriquecesse a pessoa em si, que a torne mais instruída e rica. Ou seja, todos deveríamos ser educados com o objectivo de podermos vir a tomar as nossas decisões, tendo por base todo o conhecimento que nos passaram.

Uma outra perspectiva relaciona-se com uma Educação mais pragmática que forma com o intuito de integrar os alunos nas sociedades e nos mercados de trabalho.

É nesta perspectiva que se insere a Educação em Empreendedorismo que permite fazer a ponte entre o campo educativo e o mercado de trabalho. A educação em empreendedorismo pretende dar aos alunos um vasto conjunto de ferramentas que lhes permitam, no futuro, tomar um conjunto de opções.

Estas duas perspectivas não são antagónicas, mas hoje sente-se uma enorme preocupação em dar sentido às aprendizagens que os alunos realizam, pois embora seja importante ter um vasto conjunto de conhecimentos, é essencial saber mobilizar esses conhecimentos para aquilo que será o futuro e esse passa pelo mundo laboral.

A educação em empreendedorismo pretende esbater a enorme barreira que ainda hoje separa a Escola das restantes organizações sociais. Assim, se a Escola tem como missão preparar para a vida, deve fazê-lo em conjunto com a sociedade e com as suas forças vivas.

Os estabelecimentos de educação e formação deverão estimular as competências e o espírito empreendedor dos alunos ao longo de toda a sua aprendizagem.

in Francisco Banha Weblog

10.5.09

Sustentabilidade da Segurança Social



Uma matéria em que ninguém se entende!
O motivo é simples: Quem tem 36 anos de "descontos" considera-se no direito de ter reforma. Foi uma expectativa que se criou.
Mas os pressupostos eram outros: A esperança média de vida coincidia com a idade da reforma.
Hoje não podemos desejar descontar 22% do ordenado durante 36 anos e beneficiar a seguir de 30 anos a 100%. São as contas óbvias da insustentabilidade.

Os argumentos de quem defende este modelo são retaliatórios: Apontam para os ABUTRES da nossa sociedade cujo expediente para cálculo da reforma revelam indícios de corrupção sobre o Estado.

Proponho uma fórmula simples, sustentável e creio que consensual: Uma elevada percentagem da nossa reforma ser calculada em função dos descontos nossos "descendentes". Entenda-se por descendentes não exclusivamente os filhos. (Porque não nomear como beneficiário uma professora ou um tutor na declaração de IRS?)

Em termos práticos a nossa reforma seria a recompensa da nossa contribuição para a geração "activa".

É a minha perspectiva de solidariedade inter geracional.

25.4.09

24 de Abril

Sabem o que foi o 25 de Abril? - Questiono um conjunto de crianças com 10 anos junto a um café.
- Foi a Implantação da República!

Não, não foi a Implantação da República. Foi a Implantação da Democracia em Portugal. Sabem, antes do 25 de Abril de 1974 existia um ditador de quem não podíamos discordar...
- Como o Presidente da Câmara?!

!?!?!?!

10.3.09

Estratégia para tempos de crise



Todos os dias somos confrontados com o encerramento de mais fábricas.
São TRABALHADORES MANUAIS que dificilmente reencontrarão lugar nesta economia do conhecimento.
Também sabemos que para além da grave crise que provoca nas economias das famílias envolvidas, o factor emocional tem um impacto igualmente pesado: Perdem o convívio com os colegas que durante várias décadas alicerçaram mutuamente.

Por outro lado, AS EMPRESAS E AS ORGANIZAÇÕES NACIONAIS desperdiçam tempo e energia à procura de documentos e processos que “nadam” no meio do oceano que são muitas vezes os seus ARQUIVOS.

Porque não transformar essas fábricas de têxteis e calçado que chegam ao fim do seu ciclo em centros de digitalização de documentos para os organismos públicos, num programa ocupacional para os seus ex trabalhadores?
Será que esses trabalhadores não ganharão uma nova e promissora actividade profissional?
Será difícil encontrar arquivistas e documentalistas para coordenarem localmente esses processos?

Será que essas organizações beneficiárias não prestarão com isso um melhor serviço à comunidade optimizando com esta iniciativa os seus recursos humanos?

12.2.09

Se não os pode vencer, junte-se a eles


Para assinalar a abertura do Ano Europeu para a Inovação e a Criatividade, Don Tapscott, o mais acérrimo defensor dos benefícios da Web 2.0, esteve em Lisboa para apresentar a geração dos “nativos digitais”. Descansem os pais que se preocupam com a navegação contínua dos filhos em mares para muitos ainda desconhecidos, mas preocupem-se gestores, educadores e profissionais do marketing. A geração net vai mudar o mundo tal como o conhecemos
“A recessão é uma oportunidade demasiado boa para se perder”. Em tradução livre, foi assim que Don Tapscott, o canadiano casado com uma portuguesa, amante de pastéis de nata e visionário da Internet, abriu a sua intervenção no âmbito da inauguração do Ano Europeu para a Inovação e a Criatividade. Para o consultor e autor, a presente crise é a altura ideal para se inovar e apurar a criatividade. Mas foi com base no seu último livro, Grown Up Digital, uma “sequela” da obra que escreveu há 10 anos – Growing Up Digital – que Tapscott centrou a sua apresentação. Para os que não conhecem o seu trabalho, poder-se-á afirmar que Don Tapscott é um “tradutor e intérprete” da geração net, aquela que muitos de nós não compreende e com a qual temos de aprender a conviver no interior das nossas casas e também já no local de trabalho.

Um excelente trabalho da jornalista Helena Oliveira, Portal VER.PT

9.2.09

A Era da Democratização Territorial


As áreas metropolitanas perderam há muito o seu esplendor. Foram durante décadas o epicentro de talentos de nível nacional onde residiam as oportunidades de participação profissional que gravitavam em redor dos mesmos.

Hoje, a economia do conhecimento traz consigo a democratização territorial. E os territórios rurais, outrora desconectados dessa economia, têm hoje atractivos de relevo para proporcionar o êxodo metropolitano: A qualidade ambiental, social e económica dos territórios rurbanos respondem ao novo estilo de vida dos empreendedores.

A consequência mais interessante do êxodo metropolitano será a polinização de conhecimento protagonizado pelos Novos Povoadores nos territórios de baixa densidade. As redes e a Internet trouxeram consigo a possibilidade de acesso e difusão de informação a nível global, e-learning e trabalho com equipas geograficamente distribuídas (groupware), para citar algumas possibilidades. Facilitarão deste modo a dinamização em seu redor de pequenos alvéolos sociais, com vista a respostas mais actuais à economia que estamos a construir.

O modelo de vida tradicional, onde a população metropolitana adquiria no campo/praia a segunda habitação que lhe permitia respirar, é no actual modelo a sua morada de eleição: Quebraram-se as barreiras geográficas e a falta de competitividade provocada pelos excessivos custos de produção nas áreas metropolitanas - que eram suprimidos por uma procura sucessivamente crescente de uma economia que agora sabemos sobreaquecida - tem hoje uma resposta no território interior conectado.

Por outro lado, os territórios com vontade de atrair Novos Povoadores - gente empreendedora, capaz de gerar dinâmicas de emprego e com vontade de adoptar um estilo de vida mais familiar - são chamados a posicionar-se de uma forma pró-activa, isto é, facilitar a integração dos novos residentes e das suas famílias. Essa tem sido a grande diferença no desenvolvimento dos territórios de baixa densidade. Quando os diversos actores territoriais se mobilizam em torno de um mesmo projecto - Networking Territorial - o sucesso torna-se alcançável. Os Novos Povoadores deixam de o ser, para fazerem parte de uma comunidade que luta para uma maior afirmação territorial, um acto de cidadania activa que os torna actores do desenvolvimento económico e social dessas regiões.

Será esta uma visão utópica?

Segundo um estudo da ONU, em 2015, 69% da população portuguesa viverá nas áreas metropolitanas, acentuado a ausência de qualidade de vida nesses centros populacionais.

Por seu turno, só o Município de Sintra acolhe mensalmente 1000 novas famílias de acordo com os últimos censos do INE.
Estando a sociedade globalizada assente cada vez mais numa economia sem geografia, facto que permite olhar para o território de uma forma mais inclusiva, é possível reduzir o fosso das assimetrias regionais com vantagens para os novos residentes dos territórios de baixa densidade. Assim, além do inegável incremento da qualidade de vida, promover-se-á a quebra de um ciclo de sangria demográfica.

Passar horas a fio no trânsito - que se retiram directamente ao tempo em família - não é uma inevitabilidade para ninguém.

in Criar 2009

Encostado ou não?


Já pensou no número de pessoas que a sua empresa tem e que estão rigorosamente “encostadas”, desaproveitadas e desmotivadas ?

Ouvimos diariamente que são tempos de grandes restrições aqueles que vêm aí.

Aliás, já o sentimos desde o ano que passou. E, por isso, é compreensível que as decisões de gestão das empresas estejam em harmonia com a conjuntura económica e com as perspectivas de futuro. Não digo nada de novo. Mas já pensou no número de pessoas que a sua empresa tem e que estão rigorosamente "encostadas", desaproveitadas e desmotivadas ? Tem noção que está a pagar salários a pessoas que "estão a contar carneirinhos", apenas porque lhes são negadas oportunidades por mesquinhos interesses e jogos de poder? Tem conhecimento destas situações ? Já mediu o valor que a sua empresa perde ? Senão o fez e se tem responsabilidades de gestão seria interessante fazê-lo, não ? Certamente chegará à conclusão que o custo de oportunidade é muito elevado. E, portanto, mudanças têm que ser promovidas no modelo de gestão organizacional e sobretudo nas práticas de gestão das pessoas. A título ilustrativo saliento um estudo desenvolvido por uma equipa sueca, que acompanhou durante uma década mais de três mil trabalhadores homens (dos 18 aos 70 anos), e conclui que o efeito de "chefes incompetentes, irascíveis e injustos" sobre os subordinados é muito negativo, podendo mesmo revelar-se mortal.

Ao mesmo tempo ouvimos também várias noticias de despedimentos ou reformas antecipadas, o que em muitos casos é inevitável, mas já pensou que os chamados "trabalhadores seniores" podem aumentar em muito o valor da sua empresa ?

Obviamente que terão que ter uma situação laboral ajustada às suas necessidades e mais flexível. O que está a fazer a este nível ? Numa época em que está na moda sugerir corte de custos e despedimentos, eu digo corte nos desperdícios sim, mas invista nas pessoas. Incentive a gestão do talento e prove verdadeiramente que os seus recursos humanos são a vantagem competitiva da sua empresa. Não chega dizer que aposta nas pessoas, que os seus colaboradores são o recurso estratégico mais importante, é necessário que a gestão de talentos esteja instituída na sua empresa e que seja incorporada num sistema de incentivos e objectivos. Que seja incorporada no próprio modelo de negócio. Que faça parte da cultura da empresa.

Um estudo recente da McKinsey identifica como principais obstáculos a uma boa gestão de talentos a falta de tempo (de elevada qualidade) dedicado ao tema, o défice de encorajamento de trabalho em colaboração construtiva e partilha de recursos, a falta de envolvimento dos gestores no desenvolvimento de competências e na gestão de carreiras dos elementos da equipa e um défice de envolvimento das administrações na implementação de um processo estratégico de gestão de talentos.

Um outro estudo da "Society for Human Resource Management" conclui que 1/3 das empresas não têm sido proactivas na gestão das pessoas. São muito reactivas e adoptam posturas de gestão de recursos humanos burocráticas e administrativas. Isto precisa de mudar! Em tempo de crise é fundamental eleger o talento como prioridade. E a todos os níveis hierárquicos, em especial nas pessoas do ‘front-line'.

Eu diria que o actual sistema de gestão de recursos humanos, implementado na generalidade das empresas portuguesas, precisa de uma revolução. Foi concebido e desenvolvido para outros tempos. O novo tempo requer uma abordagem ajustada aos diferentes públicos internos. Tem que ser feita uma segmentação e deverão ser identificadas as necessidades, comportamentos e perfil dos diferentes grupos funcionais. A dificuldade a meu ver está na escolha do critério de segmentação, que deverá dar origem a grupos de colaboradores (segmentos) mensuráveis, com potencial, heterogéneos e operacionais, ou seja, uma empresa tem que ser capaz de gerar programas eficazes para atrair, fidelizar e atender segmentos diferentes de colaboradores. Assim, este processo de segmentação, que terá que anteceder a implementação de um sistema de gestão de talentos, deverá pôr em relevo as oportunidades de carreira existentes, permitir a definição de prioridades, facilitar a análise do contexto laboral e facilitar o aumento da produtividade dos colaboradores. Crie diferentes propostas de valor internas. Promova o talento. Do que está à espera?


Bruno Valverde Cota, Doutorado em gestão de empresas

in Diário Económico

7.2.09

Mudança

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares ...
É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...

Fernando Pessoa

6.2.09

Fábrica comprada há quatro anos por um euro resiste e aumenta número de operárias


Viana do Castelo, 04 Fev (Lusa) - A fábrica de confecções de Arcos de Valdevez, que uma trabalhadora comprou há quatro anos por um euro após uma tentativa frustrada de deslocalização, resiste à crise internacional e até já aumentou o número de operárias.

Segundo Conceição Pinhão - a trabalhadora que liderou a luta contra a deslocalização e conseguiu convencer os patrões alemães a venderem-lhe a fábrica por aquele preço simbólico - o segredo está no trabalho e na qualidade.

Em declarações à Lusa, Conceição Pinhão admitiu que, neste cenário de crise, o futuro "é sempre incerto".

Acrescentou, no entanto, que a fábrica que dirige desde 2005 não se pode queixar porque encomendas "não têm faltado".

"O ano passado é que foi um bocadinho pior, mas neste início de 2009 até estamos bastante bem", disse.

A fábrica conta actualmente com 99 trabalhadores, mais dez do que na altura da tentativa de deslocalização e da compra simbólica.

A "Afonso - Produção de Vestuário" funciona há 19 anos na Zona Industrial de Paçô, em Arcos de Valdevez, sendo a sua gestão assegurada por Conceição Pinhão desde 29 de Novembro de 2004, dia em que os patrões, dois empresários alemães, "desapareceram" depois de uma alegada tentativa frustrada de deslocalização.

"Nesse dia, e já fora do horário laboral, eles tentaram retirar do interior da fábrica tecidos e máquinas para levar tudo para a República Checa, deixando-nos de mãos a abanar, o que só não conseguiram devido à pronta oposição dos trabalhadores", disse na altura, à Lusa, Conceição Pinhão.

A partir desse dia, e para evitar "uma qualquer surpresa desagradável", os trabalhadores revezaram-se durante longos meses em vigílias nocturnas nas instalações da empresa, para que nada de lá fosse retirado.

A "Afonso" continuou a funcionar numa insólita situação de "sem dono" até que Conceição Pinhão conseguiu convencer os empresários alemães a vender-lhe a fábrica por um euro, num negócio oficializado em Janeiro de 2005.

Nesse mesmo ano, e já sob a gerência da trabalhadora/empresária, a fábrica fechou as contas com um volume de negócios de cerca de meio milhão de euros, um valor que em 2008 ascendeu a 800 mil euros.

A fábrica concentrou a sua atenção na produção de camisas exclusivamente para exportação, nomeadamente para Espanha, que absorve a grande maioria das peças, destinando-se as restantes ao mercado alemão.

Entretanto, as operárias da "Afonso" continuam todas as semanas a apostar, cada uma delas, um euro no Euromilhões, na esperança de que um dia a sorte lhes bata à porta.

"Não temos tido sorte, mas a esperança é a última a morrer", frisou Conceição Pinhão.

in RTP, VCP.

18.1.09

A cidade é um chão de palavras pisadas



A cidade é um chão de palavras pisadas

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos


Homenagem a um grande poeta.

4.1.09

Desemprego na Beira Interior vai chegar aos dois dígitos

A taxa de desemprego na Beira Interior poderá facilmente ultrapassar os 10 por cento em 2009, alertou em declarações à Agência Lusa o coordenador do Observatório de Desenvolvimento Económico e Social (ODES) da região

«As perspectivas para 2009 não são animadoras e julgo que na região vamos ter uma crise social com alguma importância», referiu Pires Manso, defendendo que o Governo deve «legislar no sentido de que empresas e associações criem programas de apoio aos mais necessitados».

«Já temos taxas de desemprego superiores à média nacional e vamos continuar a ter taxas agravadas. Facilmente ultrapassaremos os dois dígitos, senão mais», sublinhou o professor catedrático e coordenador do observatório instalado na Universidade da Beira Interior, na Covilhã.

«É de prever que a crise internacional agrave os problemas das empresas, nomeadamente dos principais empregadores na região: o sector têxtil, em especial as confecções» na Cova da Beira, «e as empresas de cablagens para automóveis», na Guarda e Castelo Branco.

O crescimento do desemprego terá como consequência «o aumento de problemas sociais», nomeadamente, «mais situações de fome e pequena criminalidade».

Pires Manso defende por isso que o Estado crie linhas de apoio financeiro para empresas, organizações e entidades locais sem fins lucrativos, «para poderem prestar ajuda social onde o Estado não consegue chegar».

«O governo vai ter que legislar no sentido de criar estímulos que possam levar as empresas e associações sem fins lucrativos a organizar programas de apoio aos mais necessitados, para combater a pobreza e flagelos sociais previsíveis».

Pires Manso sugere ainda incentivos à concessão de micro-crédito e outras medidas, como a entrega de parcelas de terreno para produção própria de produtos agrícolas.

No entanto, para aquele responsável, só haverá melhorias estruturais se o Estado canalizar grandes iniciativas empresariais para o interior do país, «tal como aconteceu com a Autoeuropa, quando foi preciso responder à crise social e económica no distrito de Setúbal».

Ao nível fiscal, «vou ao ponto de achar que seria bem-vinda isenção total de IRC para empresas que se instalassem no interior durante um período de cinco anos», concluiu.

O Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social (ODES) surgiu em 2002, após uma série de reuniões entre parceiros económicos da região, no âmbito do programa de apoio comunitário EQUAL.

Desde então tem feito recolha e tratamento de indicadores económicos e sociais que dizem respeito à região e ao país.

Lusa / SOL

Poderá esta crise ser aproveitada como oportunidade para um novo modelo de desenvolvimento económico da Beira Interior?