"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

24.4.08

Novos Povoadores



A concentração demográfica nas áreas metropolitanas é promotora do aumento dos custos de vida, com destaque nos cuidados infantis e na habitação, bem como nos constrangimentos na mobilidade e no incremento de bolsas depressivas na sua periferia.

Actualmente, 40% da população vive nas áreas metropolitanas, onde se concentra 70% do endividamento das famílias.

Segundo a ONU, em 2015, 70% da população viverá nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Sendo conhecidas as condições de vida da população metropolitana - sobre endividamento; baixa qualidade de vida social e ambiental – Portugal poderia oferecer melhor qualidade de vida à sua população, e aos empreendedores soluções mais competitivas.

A principal influência para a localização de pessoas e famílias é o TRABALHO.

As populações fixam-se onde existe oportunidade de participação profissional. Logo, a promoção de oportunidades de empreendedorismo nestes territórios provocará o desejado Êxodo Urbano.

Os reduzidos custos de instalação de unidades empresariais no interior, os baixos custos de mão de obra em consequência de economias locais não inflacionadas e a qualidade de vida social e ambiental fruto da baixa densidade e dos fortes investimentos em infraestruturas sociais nos finais do século passado, tornam estes territórios altamente atractivos para todos os empreendedores em sectores económicos suportados pelas TICs.

É esta uma visão utópica? A sociedade globalizada assenta cada vez mais numa economia sem geografia, facto que permite olhar para o território de uma forma mais inclusiva. No contexto de um NOVO PORTUGAL, é possível reduzir o fosso das assimetrias regionais com vantagens para os novos residentes e para os territórios de baixa densidade. Por um lado, inegável incremento da qualidade de vida, por outro lado, a quebra de um ciclo de sangria demográfica.

A ruralidade tem hoje atractivos que lhe permite competir com as áreas urbanas. Os novos povoadores são os pioneiros que reconhecem as mais valias de uma vida mais tranquila sem prejuízo de uma presença profissional activa.


in O Interior, Alexandre Ferraz e Frederico Lucas

23.4.08

Seia: Contact Center da EDP cria 250 postos de trabalho e garante serviço de atendimento em caso de acidente


Seia, Guarda, 23 Abr (Lusa) - O novo centro de atendimento (contact center) da EDP, em Seia, vai criar até 250 postos de trabalho e reduzir os riscos de ocorrerem interrupções no fornecimento de energia, anunciou hoje a eléctrica.

Segundo o presidente da EDP, António Mexia, o serviço hoje inaugurado, com a presença do secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, envolveu um investimento de 2,5 milhões de euros.

Uma antiga garagem da EDP foi transformada num moderno Contact Center que ficará equipado com 150 posições de atendimento, correspondentes a 250 postos de trabalho.

O Contact Center atenderá uma média de quatro milhões de chamadas por ano e permitirá o lançamento de serviços inovadores através de telefone, SMS e Internet.

O serviço vai aumentar a qualidade do atendimento e reduzir "o risco operacional através da possibilidade de utilizar cada um dos Contact Center [há outro em Odivelas] como backup mútuo do outro", segundo a empresa.

Trata-se de "uma obra focada na capacidade de garantirmos, mesmo em caso de terramoto, o serviço ao cliente", disse.

"Até agora, tínhamos toda a operação telefónica pendurada num único Contact Center, que era o Contact Center de Odivelas e qualquer problema grande que houvesse em Odivelas punha em causa 80 por cento de todos os contactos que os clientes fazem directamente com a EDP", disse Cruz Morais, da administração da EDP.

"A existência deste segundo Contact Center permite balancear cargas de um lado para o outro", referiu, explicando que "se houver um problema em Lisboa, funciona este".

"Eles estarão sempre os dois a funcionar, mas cada um deles tem capacidade de recuperar, se houver alguma falha no outro", sublinhou o responsável.

Tendo em conta a distância a que os dois serviços estão, "qualquer problema grave que possa ocorrer em Lisboa, com baixíssima probabilidade irá ocorrer aqui e existem altas condições de segurança porque esta zona é de baixa sismicidade", adiantou.

O presidente da EDP justificou a aposta da empresa em Seia pelo facto de existir uma "ligação história" com um século de existência, altura em que foi construída a primeira central hídrica de produção de energia eléctrica no concelho.

Considerou o investimento realizado em Seia "muito importante" porque revela a "prioridade" que a EDP dá aos seus clientes e contribui para ajudar no "desenvolvimento do interior" do país.

A opção da EDP também foi valorizada pelo secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, ao afirmar tratar-se de "uma manifestação da maior importância pela parte da EDP porque significa a preocupação crescente que ela tem ao nível da responsabilidade social".

"Uma empresa como a EDP não pode demarcar-se, do ponto de vista da responsabilidade social", disse, aludindo ao facto de a empresa criar novos postos de trabalho num concelho do interior.

Eduardo Brito, presidente da Câmara Municipal de Seia, mostrou-se satisfeito com a opção da empresa, assumindo que a instalação do Contact Center é "um contributo muito importante para iniciar um novo ciclo de modernização do nosso tecido empresarial", após a crise que afectou o sector têxtil, predominante na região.

"É um acontecimento muito importante para Seia e também para a região", disse o autarca, pelo facto de os funcionários terem sido recrutados no concelho, em colaboração com o Instituto de Emprego, Escola de Turismo e Telecomunicações e Escola Profissional local.

Na cerimónia, o autarca socialista aproveitou a presença de António Castro Guerra para reivindicar melhores acessibilidades para o seu concelho e para a zona da Serra da Estrela.

Na resposta, o governante prometeu levar "o recado do senhor presidente da Câmara" para Lisboa.

"Falarei sobre o tema com os políticos responsáveis e espero ser capaz de os sensibilizar para colocar a ligação Seia/Gouveia à A25 numa oportunidade que não seja muito longa", prometeu.

ASR.

in RTP

18.4.08

PSD Guarda quer pacto contra interioridade

Susana Margarido *

A Comissão Política distrital do PSD da Guarda vai organizar a 19 de Abril um Congresso da Interioridade. O objectivo é “constituir uma plataforma de sensibilização dos poderes políticos e estabilizar as políticas de desenvolvimento regional”, independentemente dos governos, explica Álvaro Amaro, presidente da estrutura do PSD. A iniciativa está marcada para as 10h00, no auditório do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).
Entre os oradores estão Constantino Rei, docente no IPG, que irá fazer o enquadramento do tema, Miguel Cadilhe, para falar da Interioridade como questão política, Daniel Bessa, com o tema “Motivar as empresas a investir” e Arlindo Cunha, que irá debater “Correcções de assimetrias e questões institucionais”. O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, vai estar na sessão de encerramento do encontro que prevê ainda três períodos de debate ao longo do dia.
“Não vamos resolver as questões da interioridade em geral, nem sequer do distrito, em particular”, refere Álvaro Amaro. No entanto, espera que do encontro saiam “medidas arrojadas” para o que considera ser uma “situação de desespero” causada pela desertificação.
“Por este andar, daqui a mais três ou quatro décadas, uma faixa do território deixa de ter qualquer povoamento”.

SUGESTÃO PARA UM PACTO
"Se há pacto que o País aceitaria entre todas as forças políticas, seria o pacto em nome do equilíbrio do País, em nome da interioridade", afirmou o dirigente social-democrata, dando conta que Portugal "vive uma situação desesperante de desequilíbrio" entre o litoral e o Interior.
"As pessoas acabam por sair [do Interior], acabam por conduzir à desertificação de um grande espaço do território", admitiu, indicando que o distrito da Guarda, entre os Censos de 1981 e 2001, "perdeu 25 mil pessoas, que correspondem a quatro ou cinco concelhos do distrito".

Em busca da coesão nacional
"Esta iniciativa não pretende apenas demonstrar a realidade, insistindo nos diagnósticos e na avaliação das causas, mas, acima de tudo, partir dela para construir opções potenciais que invertam a tendência histórica das políticas de desenvolvimento e da gestão nacional", afirmou. Álvaro Amaro disse que dos trabalhos sairão "sugestões e medidas" que visem contribuir para a promoção da "coesão nacional".

* com Lusa

in Diário XXI