"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

26.7.08

De Braga para o mundo do software

Como Carlos Oliveira, em oito anos, salta do banco da universidade, cria a MobiComp e a vende à Microsoft

O negócio da compra da MobiComp pela Microsoft foi decidido há um mês mas faltavam acertar detalhes. Esta semana ficou tudo preto no branco e foi assinado o acordo. Em definitivo, a cidade de Braga passou a fazer parte do mapa dos centros de inovação da maior empresa de software do mundo.

Curiosamente, o namoro que culminou neste casamento com final feliz foi muito rápido.

Os primeiros contactos informais surgiram em Outubro num evento internacional. Ainda em 2007 houve uma conferência telefónica exploratória com Seattle (sede da Microsoft). Em Janeiro deste ano, uma equipa da multinacional deslocou-se a Braga. Os contactos prosseguiram em Fevereiro durante o certame 3GSM World em Barcelona. Carlos Oliveira, presidente da MobiComp, desloca-se depois à sede da Microsoft para concretizar um acordo de licenciamento de tecnologia. Finalmente, em Abril, a empresa fundada por Bill Gates dá um passo em frente e comunica o interesse em adquirir a MobiComp. “Nunca estivemos à venda, embora tivéssemos tido abordagens de empresas de menor dimensão”, esclarece Carlos Oliveira.

Mas como foi possível a uma empresa portuguesa com apenas 8 anos e liderada por um jovem de 31 anos concretizar um negócio inédito em Portugal?

A ideia de criar a MobiComp surge em finais de 1999, quando Carlos Oliveira estava a concluir a licenciatura de engenharia informática na Universidade do Minho. Tudo começou em conversas de café com António Murta (actual vice-presidente da Wipro), Gastão Taveira (presidente da Altitude Software) e António Ribeiro (professor universitário) que sentiram confiança na capacidade empreendedora de Carlos Oliveira. A ideia era criar tecnologia que pudesse jogar na ‘primeira liga’ a nível internacional.

“Desde o início que apostámos em ser os melhores em mobilidade, na inovação, dar valor acrescentado aos clientes e na internacionalização”, recorda Carlos Oliveira. Como a empresa não tinha capital de risco para despender tempo a criar um produto, apostou em arquitecturas que permitissem criar soluções móveis inovadoras. O primeiro passo decisivo foi dado quando, quatro meses depois da fundação, conquistou os primeiros clientes (TMN e Lusomundo) batendo consultoras nacionais e estrangeiras. Nessa altura ganhou o prémio ‘empresa inovadora’ da ANETIE e tornou-se num caso de estudo pela IBM. Seguem-se outros clientes de referência como o BCP e o BPI.

Em 2005, inicia a expansão nos mercado externo (Estados Unidos, Noruega e Arábia Saudita). No início deste ano tinha fechado contratos com operadores do Médio-Oriente para a venda do sistema Mobilekeeper de protecção de dados móveis.

A partir de agora, dentro do universo da Microsoft, Carlos Oliveira tem a ambição de “criar em Portugal um centro de inovação para a área das comunicações móveis de nível internacional”.

in Expresso, João Ramos

1 comentário:

Maria disse...

Traduzindo para euros, saiu o euromilhões a Carlos Oliveira sem ter jogado um único cêntimo....
:))))

Conheço um caso parecido com um ex-IBM...

Beijos