"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

5.5.10

"É cada vez mais difícil ser autarca", diz Luís Coelho

O presidente da Assembleia Municipal garante que não cometeu nenhum crime e que foi eleito para resolver os problemas da Câmara e da Cidade. "O que fiz, não foi sozinho", recorda, após ter sido condenado no banco dos réus.
Luís Coelho: "É cada vez mais difícil ser-se autarca neste país"


"Em consciência não cometi crime nenhum", começa por dizer Luís Coelho, em declarações ao Observatório do Algarve. "Eu fui eleito para resolver os problemas da Câmara e da cidade e foi o que fiz. É claro que à luz destes oito anos, hoje poderá dizer-se que não terá sido a melhor opção, mas na altura havia que decidir e todo o executivo decidiu comigo, nem é preciso lembrar sequer que até estávamos em época de eleições", refere.

Luís Coelho aludia assim aos votos favoráveis dos vereadores do PSD na altura, face à solução da aquisição de acções da SAD Farense pela Ambifaro, em que a Câmara acabaria por assumir as garantias do financiamento através de um contrato-programa com a agência (ver aqui).

Ainda irritado com a decisão do Tribunal Judicial de Faro, que o condenou a um ano e meio de pena suspensa por participação económica em negócio, Luís Coelho desabafa: "Nós temos que respeitar a Justiça, mas esperava que a Justiça também me respeitasse. O Tribunal de Contas não detectou nada de irregular neste caso, e se fosse hoje eu faria o mesmo, com a diferença que em vez de pedir um parecer a um advogado teria pedido a um jurista ou constitucionalista", diz.

"De resto, um presidente quando está no cargo deve e tem de tomar decisões, mas é assim, agora quem tem de pagar a defesa sou eu e não quero que seja a Câmara a fazê-lo, porque quero seu eu a defender-me e a ter de pagar ao meu advogado", afirma.

“O que é certo é que é cada vez mais difícil ser autarca neste país, porque hoje em dia, qualquer pequena coisa que aconteça – e não estou a falar de alguém que se aproprie de dinheiro ou algo do género – e existem logo multas que têm de ser pagas dos ordenados dos autarcas, que não ganham tanto quanto se pensa”, protesta.

"A minha vida política acabou"

Enquanto prepara o recurso para o Tribunal da Relação da decisão que o condenou (e ilibou o vice-presidente na altura, Augusto Miranda), Luís Coelho admite que o ónus de ter sido condenado lhe pesa em termos sociais: “Eu não cometi crime nenhum, mas a minha vida política acabou. Muito dificilmente, qualquer escolha passará por mim, o PS há-de escolher outras pessoas”, adianta.

“Nunca mais vou fazer vida política activa, mas felizmente consegui depois do cargo que desempenhei reintegrar na vida profissional, ganho a vida honestamente e não preciso da política”, garantindo que o papel que desempenha hoje na Assembleia Municipal é menos partidário do que quando desempenhava funções executivas à frente da Câmara Municipal.

“A minha função é gerir conflitos e eu quero ser o fiel da balança”, conclui.

in Observatório do Algarve

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