"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

15.4.11

Fiscal da câmara acusado de corrupção passiva

O Ministério Público (MP) deduziu acusação contra um fiscal municipal da câmara do Seixal (CDU), imputando-lhe um crime de corrupção passiva, informou esta terça-feira a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL).

O funcionário, "um fiscal municipal especialista principal", detido pela Polícia Judiciária a 05 de Novembro de 2010, é acusado de um crime de corrupção passiva "por ter solicitado e aceitado dinheiro da proprietária de um imóvel sob compromisso de que este não iria ser fiscalizado no âmbito do processo de reconversão urbanística em curso".
De acordo com o MP, "o funcionário, [surpreendido] pela Polícia Judiciária em posse da quantia, ficou posteriormente suspenso de funções e proibido de contactar com a proprietária ou familiares seus".
Um dia depois da detenção, o gabinete de comunicação da câmara do Seixal deu conta da abertura de um processo de inquérito para averiguar a situação.

in Correio da Manhã

13.4.11

Tecnólogos de todo o mundo partilham casos de sucesso no Porto

Durante 2 dias, tecnólogos de todo o mundo vão estar no Porto para falar de negócios e projectos de sucesso, a convite de um evento focado na tecnologia e no empreendedorismo.

Entre os 30 oradores que vão partilhar experiências e histórias com os participantes da Switch Conference (16 e 17 de Abril, na Universidade Portucalense), estão nomes como Ji Lee, director do Laboratório Criativo da Google, pela primeira vez a Portugal, Matthias Luefkens, director do World Economic Forum para os media, e David Rowan, editor da edição inglesa da revista Wired.

A Switch Conference é um evento internacional e multidisciplinar, organizado pela Associação Inspiração Dinâmica, que pretende juntar pessoas com diferentes backgrounds e promover a partilha de conhecimento e ideias entre elas. O tema desta edição é “Embrance Change”.

A ideia de reunir numa conferência os melhores cientistas, tecnólogos, empreendedores e pensadores com o objectivo de inspirar outros a ligar o ‘interruptor’ do empreendedorismo “nasceu numa escola secundária, em Carregal do Sal, Viseu”, em 2009.

Quando começaram a pensar a Switch Conference, cuja primeira edição aconteceu em 2010, em Coimbra, “os pais da ideia” tinham 17 anos, explicou ao P24 Ricardo Sousa, curador do evento.

“Olhando, na altura, para o panorama em Portugal e no estrangeiro, notávamos uma grande diferença. Aqui, ainda não havia eventos deste género”, recordou o responsável.

No ano passado, os organizadores aperceberam-se que alguns participantes faziam uma coisa muito portuguesa: “levavam 2 amigos e ficavam a falar entre si”, quando a ideia é mesmo as pessoas “saírem do seu casulo”, pelo menos, nestes 2 dias.

Actualmente, a equipa de 12 pessoas que está por detrás da Switch e a trabalhar nesta edição desde Outubro continua a ser jovem – a maioria frequenta o Ensino Superior –, mas trabalha com um conselho consultivo de profissionais experientes. Para chegar aos cerca de 30 oradores da Switch 2011, convidaram “3 ou 4 vezes” mais pessoas.

Este fim-de-semana, são esperadas 400 pessoas na Portucalense e “milhares” a seguir a Switch pelo live feed do evento. Os coffee breaks têm 45 minutos, a pensar no convívio entre participantes e oradores.

A inscrição (em www.switchconf.com) para os 2 dias custa 60 euros, para estudantes, e 100 euros para o público em geral. No final da conferência, os inscritos que o solicitarem receberão um certificado de participação.

O evento inclui uma Startup Competition. Até quinta-feira, o júri deste concurso para “ideias de negócio ou empresas com menos de 2 anos” escolherá 10 finalistas que apresentarão o seu projecto ao mesmo painel de especialistas no sábado. Domingo, os 3 melhores apresentarão a sua ideia na conferência propriamente dita, a todos os participantes, e terão “possibilidade de estabelecer parcerias com os sponsors da Switch, encontrar investidores e ter visibilidade na imprensa”, sublinha Ricardo Sousa.

PASSATEMPO: O Porto24 está a oferecer entradas na Switch Conference 2011 com 20% de desconto. Os 10 primeiros utilizadores a enviarem um email para redaccao@porto24.pt, mencionando no assunto este passatempo, podem ir ao evento por 80 euros.

in Porto24

8.4.11

Finalmente a verdade

Vêm aí anos de chumbo. Após quase 20 anos de incontinência despesista do Estado central, das indescritíveis satrapias regionais, das autarquias, das empresas públicas de toda a sorte, das fundações "políticas", das parcerias-público privadas e das famílias e empresas, o modelo de alienação colectiva em que vivemos chegou ao fim.

Foi preciso o fim do crédito externo para pararmos o paroxismo despesista em que vivemos.

Como já escrevi muitas vezes, os principais instigadores deste caminho suicidário foram muitos, incluindo vários que os fãs, contrariando toda a evidência factual, ainda hoje consideram exemplos de rigor. Senão vejamos: o sistema remuneratório da função pública de 1991, a subsidiação pelo Estado do crédito à compra de habitação, a insistência em operações extraordinárias de cobertura de défices excessivos, os quase 30 anos em que os problemas do sector empresarial do estado foram empurrados para fora do tapete, etc., etc. Infelizmente o rol é infindável e toca a todos os governos desde 1991 e, aceleradamente, desde 1996.

A necessidade de apoio externo extraordinário de emergência vai ser o fim do caminho. O que me preocupa é que não fomos nós que decidimos mudar de vida. São os credores que o vão impor. Chegou a hora de olhar para o passado com verdade. Aprender com os erros de uns e de outros e não apenas com os dos nossos adversários.

in Correio da Manhã, António Nogueira Leite

5.4.11

Você também tem culpa, caro leitor

Desculpe dizer-lhe isto assim, mas não estamos em época de salamaleques: você, caro leitor, tem culpa do buraco em que o país se afundou.

Claro que não tem tanta culpa quanto os primeiros-ministros que nos últimos 15 anos passearam por Belém, nem quanto as centenas de ministros e secretários de Estado que aceitaram bovinamente os infindos dislates que nos trouxeram até à banca rota. Esses, os chamados "políticos", pecaram por acção. Mas você, eu, todos nós, pecámos por omissão: porque vivendo em democracia, tendo nas nossas mãos o poder de dizer quem manda em Portugal, fomos aceitando um verdadeiro cortejo de mediocridades até chegarmos ao engenheiro Sócrates.

Nós, todos nós, falhámos enquanto sociedade. Não se trata aqui de diluir as culpas num todo abstracto, até chegarmos àquele ponto em que sendo todos culpados ninguém o é verdadeiramente. Trata--se de assumir o dever urgente de repensar o que significa ser um cidadão no Portugal do século XXI.

Com o avanço da democracia e a melhoria das condições de vida, a política tornou-se uma actividade distante. Mas da mesma forma que não é admissível ser-se "apolítico" durante uma ditadura, também agora, nesta encruzilhada da nossa história, ser-se "apolítico" não é uma opção moralmente aceitável. Neste momento, os portugueses parecem-se com aquelas pessoas que já tiveram tantas relações falhadas na vida que deixaram de acreditar no amor. Só que quem deixa de acreditar no amor tem sempre a hipótese de ficar a viver sozinho – e Portugal não tem hipótese de ficar sem governo. Cruzar os braços e suspirar "eles são todos iguais" pode ter sido uma opção durante duas décadas. Não é mais. A política tem de voltar a ser discutida na rua, nos cafés, ao jantar. Nós chegámos à bancarrota porque cometemos o pior dos erros: deixámos a política nas mãos dos políticos.

in Correio da Manhã, João Miguel Tavares