Depois de tantas visitas dos nossos "irmãos" brasileiros ao site de Trancoso, considerei importante também dar a conhecer um pouco da história deste paraíso localizado no Brasil e, à primeira vista, em quase nada parecido com o nosso cantinho aqui em Portugal.
Este texto talvez dê o mote para que também eles participem activamente no blog e até, quem sabe, descobrirmos mais factos em comum do que parecem existir. Afinal, se esta aldeia foi rebaptizada com este nome, algo teriam em comum, não?
A Trancoso brasileira é uma vila seiscentista localizada a a 25Km de Porto Seguro e a 740 km de Salvador, capital da Bahia, fundada por padres jesuítas portugueses em 1586 com o nome de São João Baptista dos Índios.
Em 1650 construíram a bela Igreja de São João. Isolada e desconhecida durante séculos, Trancoso foi redescoberta por jovens hippies na década de 1970 e popularizada por belos, ricos e famosos como Bruna Lombardi, Gisele Bündchen, Leonardo di Caprio, Naomi Campbell, Miguel Falabella e Elba Ramalho, entre muitos outros. A antiga aldeia de S. João dos Índios foi fundada no cimo de um promontório, mantendo-se até hoje como um dos últimos exemplares bem conservados das primeiras povoações do Brasil. Preserva o traçado típico das povoações jesuítas: a planta é rectangular – apesar de chamarem à praça Quadrado – na qual se inscrevem duas fileiras de casas coloridas e muito juntinhas, coroadas, no sentido da praia, com a igreja de São João Baptista, de costas voltadas para o mar. Os padres que construíram este harmonioso conjunto arquitectónico não viram, no entanto, a sua vida facilitada. No século XVII abandonaram o local, devido aos constantes ataques de índios que viviam no interior do Estado da Bahia. E, quando regressaram, cem anos mais tarde, foram novamente expulsos, mas desta vez por Marquês de Pombal. Em vez de lutas contra os indígenas, a segunda contenda travou-se com os governantes portugueses, na que ficou conhecida por Guerra das Missões: em meados do século XVIII, o então rei de Portugal, D. José I, assinou o Tratado de Madrid, que demarcava as novas fronteiras, em substituição do Tratado de Tordesilhas. Para que o plano fosse implementado, várias tribos teriam de ser removidas para outras regiões. Os indígenas revoltaram-se e os padres apoiaram-nos. Marquês de Pombal, com a firmeza insensível que lhe era peculiar, decidiu, então, expulsar a ordem, tanto de Portugal como do Brasil, e alterar a toponímia de todas as vilas que possuíssem nomes de santos. São João dos Índios foi rebaptizada de Trancoso e transformou-se numa aldeia praticamente deserta, pois a maioria dos moradores regressou às “roças” e limitava-se a visitar a igreja aos domingos e dias de festa. Assim permaneceu até aos anos 70. Podemos agradecer aos hippies a redescoberta Trancoso há cerca de 35 anos. Apareceram aos poucos e foram-se instalando nas casas vazias e abandonadas, em harmonia com os autóctones. Passaram a palavra e, em cerca de uma década, colocaram a vila novamente no mapa, auxiliados pela chegada, nos anos 80, da estrada de alcatrão e da electricidade. Depois disso, vieram os ricos e os famosos (o proprietário da Coca-Cola brasileira comprou casa nas redondezas, Elba Ramalho vive num casarão com vista para o mar e dizem que Gisele Bündchen também comprou um terreno a caminho da praia do Espelho, perto do local onde o presidente do Inter de Milão passa as suas férias) e também milhares de viajantes dos quatro cantos do globo, cujo número é travado apenas pelos preços aqui praticados. Depois, há mesmo quem chegue a trocar bons (mas stressados) empregos na cidade por uma nova vida, em Trancoso, abrindo lojas, pousadas ou restaurantes sofisticados. Após o boom turístico, alguns dos hippies pioneiros ficaram – a maioria transformados em homens e mulheres de negócios – outros partiram, quem sabe, em busca de outra terra prometida…
2 comentários:
Interessante, que bom revelar factos historicos relacionados com essa vila, desculpe CIDADE.
Se calhar tem esse nome por ter tido algum habitante de alguma importancia que tivesse sido natural de Trancoso de ca.
Se queres que te diga não sei...mas achei interessante falar nisto para ver se alguém saberia a razão desta coincidência (ou não!). Já deu para perceber que muitos brasileiros vêm ter ao site do Nuno quando estão à procura de algo sobre a terra deles. Pode ser que algum saiba o porquê. Pelo menos já sei que o facto tem "mão" portuguesa, foi o Marquês de Pombal que lhe deu o nome. Agora porquê...não sei.
Cumprimentos,
Patrícia
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