No passado dia 27 de Fevereiro, a Assembleia Municipal da Guarda foi palco de controvérsia.
Fernando Carvalho Rodrigues, reconhecida personalidade portuguesa e Presidente daquela assembleia, exigiu “factos” nas respostas de Álvaro Amaro aos assuntos em debate.
Conheço Carvalho Rodrigues e a sua entrega à causa pública. A sua relação com a vida partidária é desinteressada, o que o transforma num perigoso actor desse sistema.
E este facto, que pode parecer menor, releva uma nova atitude na politica portuguesa.
Quem não percebeu, continua a julgar-se bravo fazendeiro e a recolher o vexame público pelo triste comportamento.
Também na passada semana, realizou-se a Assembleia de Pais do Agrupamento de Escolas de Trancoso. E também aqui, o expediente visava perpetuar dinastias, e com a autoridade de Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Júlio Sarmento convocou uma assembleia no limite legal para o fazer, e com isso, reduziu a zero minutos o prazo para apresentação de listas concorrentes para a nova direcção.
Obviamente que estes incidentes seriam caricatos se não fossem a imagem de um tempo que já passou.
O modo, a embalagem e o conteúdo deste tipo de politica são a vergonha de Portugal.
Quem ambiciona o “Sentido de Estado” não pode fazer a política da casa da lâmpada encarnada.
"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"
5.3.15
24.1.15
Região da Guarda alcança 3 Certificações ES+
O Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social, coordenado pelo Gestor do Programa Governamental "Portugal Inovação Social" certificou três entidades na Região da Guarda.
A saber:
- ASTA - Associação Sócio Terapêutica de Almeida, concelho de Almeida
- ATN - Associação Transumância Natureza, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo
- Programa Novos Povoadores, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo
Os restantes concelhos da região da Guarda não tiveram qualquer certificação nas suas iniciativas sociais.
A nível nacional, estão certificadas nesta fase 134 iniciativas, das 4205 analisadas.
Saber mais sobre o Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social
18.12.14
Feira do Gado em Trancoso
Realizou-se no passado sábado a II Feira/Mostra do Gado em Trancoso.
A actividade agricola tem perdido importância na economia portuguesa, e os subsídios aos jovens agricultores não são indutores de convicções para a maioria da população rural.
Um dia chuvoso e escuro não fazia prever a enchente que se encontrou no Mercado do Gado de Trancoso, onde o estacionamento em segunda fila foi a opção para os menos pontuais.
Na Mostra de Gado apresentaram-se animais de 40 explorações pecuárias.
Na sala de conferência, o frio não demoveu os criadores e visitantes para discutirem as oportunidades para a melhoria da qualidade das explorações e para o licenciamento de pequenas unidades industriais.
O clima aqueceu, quando se discutiu o valor do leite, cuja qualidade proteíca é desvalorizada no momento da venda desse produto.
As acesas discussões que se seguiram, já no exterior do edifício, demonstram que existe vontade de investimento dos produtores para a melhoria e monitorização da qualidade do leite, com vantagens directas para a indústria que opera em produtos de maior valor.
Portugal não tem condições para competir em quantidade. Mas se a qualidade for a prioridade, os nossos produtos endógenos atingirão segmentos de mercado que estão disponíveis para recompensar melhor os nossos produtores.
A actividade agricola tem perdido importância na economia portuguesa, e os subsídios aos jovens agricultores não são indutores de convicções para a maioria da população rural.
Um dia chuvoso e escuro não fazia prever a enchente que se encontrou no Mercado do Gado de Trancoso, onde o estacionamento em segunda fila foi a opção para os menos pontuais.
Na Mostra de Gado apresentaram-se animais de 40 explorações pecuárias.
Na sala de conferência, o frio não demoveu os criadores e visitantes para discutirem as oportunidades para a melhoria da qualidade das explorações e para o licenciamento de pequenas unidades industriais.
O clima aqueceu, quando se discutiu o valor do leite, cuja qualidade proteíca é desvalorizada no momento da venda desse produto.
As acesas discussões que se seguiram, já no exterior do edifício, demonstram que existe vontade de investimento dos produtores para a melhoria e monitorização da qualidade do leite, com vantagens directas para a indústria que opera em produtos de maior valor.
Portugal não tem condições para competir em quantidade. Mas se a qualidade for a prioridade, os nossos produtos endógenos atingirão segmentos de mercado que estão disponíveis para recompensar melhor os nossos produtores.
9.5.14
Sexo na Beira
A FIT, evento do passado fim de semana naquela cidade, foi uma clara demonstração de vitalidade e união da região para promover o turismo de interior.
O espaço revelou-se pequeno para a quantidade de expositores que pretenderam marcar presença.
O sector do turismo, tantas vezes usado como solução para todos os males do interior, não deve ser responsabilizado pelo insucesso do Desenvolvimento Rural.
Tem contribuído com 15 a 20% do PIB destes territórios, um valor elevado quando comparado com a maioria das regiões rurais da Europa.
A centralidade entre Lisboa e Madrid, a proximidade da fronteira e a dinâmica da própria cidade, são condições necessárias para alcançar o desejado posicionamento.
Acredito que o reforço dos produtos regionais, como o Vinho, o Azeite, a Amêndoa, a Castanha e o Mel, para além da produção animal, são factores críticos para a afirmação desta centralidade.
Depois das aventuras e desventuras com a constituição do corpo directivo da Comunidade Intermunicipal, a união dos agentes políticos da região será fundamental para estagnar o atraso sobre as outras regiões rurais do nosso país.
Não é exigível que seja uma relação de amor. Basta que seja uma união de facto.
6.5.14
Inteligência tributária
A Trottleman é uma marca conhecida de roupa, que poucos sabiam que era portuguesa.
Utilizo o verbo no passado, porque a empresa entrou em insolvência. Apenas e só, porque o Ministério das Finanças não concordou com o acordo de recuperação aprovado pelos credores, e contestou para Tribunal.
Não foi necessária a sentença. A morosidade da Justiça acabou com o que restava de esperança (e Justiça!) para a sua recuperação.
Vem este texto a propósito da necessária informatização dos sistemas da Administração Tributária.
As regras têm de ser iguais para todos, e quando a “mão humana” intervém nestes casos serve somente para introduzir arbitrariedade aos procedimentos.
Aliás, creio que a transferência de competências da Autoridade Tributária para a Administração Local em conjugação com a informatização total do sistema fiscal, poderão disponibilizar em conjunto os efetivos necessários à fiscalização das atividades económicas, combatendo a evasão e a fraude fiscal, prato principal da economia portuguesa.
À mulher de César não basta ser séria. É preciso parecê-lo.
Utilizo o verbo no passado, porque a empresa entrou em insolvência. Apenas e só, porque o Ministério das Finanças não concordou com o acordo de recuperação aprovado pelos credores, e contestou para Tribunal.
Não foi necessária a sentença. A morosidade da Justiça acabou com o que restava de esperança (e Justiça!) para a sua recuperação.
Vem este texto a propósito da necessária informatização dos sistemas da Administração Tributária.
As regras têm de ser iguais para todos, e quando a “mão humana” intervém nestes casos serve somente para introduzir arbitrariedade aos procedimentos.
Aliás, creio que a transferência de competências da Autoridade Tributária para a Administração Local em conjugação com a informatização total do sistema fiscal, poderão disponibilizar em conjunto os efetivos necessários à fiscalização das atividades económicas, combatendo a evasão e a fraude fiscal, prato principal da economia portuguesa.
À mulher de César não basta ser séria. É preciso parecê-lo.
11.11.13
Beira Sensual
Conheci na Beira Interior alguns produtos alimentares que fazem as delícias das papilas gustativas.
A nossa castanha, o azeite e os queijos serranos são um cartão de visita da nossa região.
Quando comparo a apresentação destes produtos com os seus concorrentes internacionais, verifico que não cuidamos da nossa imagem. São muito bons, mas não transmitem sedução ao cliente. E isso conduz-me a uma reflexão maior: valorizamos na nossa identidade as diversas batalhas que por aqui passaram em detrimento das bonitas histórias de amor que aqui se viveram.
Estamos no Outono e o nosso chão carrega-se das cores mais bonitas da natureza, usadas em todo o mundo na decoração de interiores. E nós não vendemos esse património. Limitamo-nos a valorizar “outras coisas”, como o património construído que polvilha a nossa região, paredes meias com prédios e marquises descaraterizantes.
Um casal enamorado da cidade terá dificuldade em lembrar-se das Casas do Côro ou das Casas da Lapa, para viver dias de amor.
Mas as regiões serranas de Itália, da Suíça ou mesmo da Irlanda, transmitirão a imagem sedutora que o enamorado casal pretende vivenciar por estes dias.
Acredito que este fenómeno esteja associado ao passado desta região, onde o frio inundava as casas, e assumia-se como inimigo dos beirões.
E isso marcou-nos na capacidade de sonhar e seduzir.
Vivemos tempos loucos. Sabemos agora que o futuro será o que fizermos dele. E se tivermos a utopia de imaginar uma Beira Sensual, correremos o risco de deixarmos aos nossos filhos uma região que todos querem visitar.
in O Interior
3.10.13
Reino Unido em estado de choque com os resultados eleitorais no Distrito da Guarda

Passavam poucos minutos das 21:00 horas da noite eleitoral, e já estavam os empresários ingleses a contactar as empresas do distrito, para compreenderem as consequências destes resultados eleitorais no mercado europeu das conservas de fruta.
O Reino Unido, principal player europeu deste sector, encontrou nas propostas políticas da região, que foram sufragadas no passado Domingo, estratégias de actuação em rede no sector da transformação alimentar, para o mercado internacional.
É facil compreender que as Compotas da Ti’Alzira não façam qualquer sombra à potente indústria inglesa. Mas o mesmo não se poderá dizer de uma acção concertada para o mercado externo entre as 200 unidades empresariais do Distrito.
Se o leitor teve a paciência (ou a boa disposição) para ler este texto até aqui, por certo compreendeu a animação que me assiste.
As politicas de um território devem ser definidas pelos eleitos, porque beneficiam de legitimidade democrática, em acordo com os empresários e os centros de saber desse território. Isto é, só faz sentido que as politicas aplicadas a um território sejam uma resposta eficaz ao crescimento sustentável das suas empresas, porque serão estas que terão a capacidade de gerar novos postos de trabalho em resultado do seu sucesso.
Na minha perspectiva, é esta REDE que falta às nossas empresas, para poderem ser vencedoras no competitivo mercado externo.
E é por falta dessas políticas, que os empresários ingleses do sector da transformação alimentar, não perderam um segundo da sua telenovela para observar as eleições autárquicas em Portugal.
A nossa desorganização será a sua apólice de seguro para o seu sossego económico.
As politicas de um território devem ser definidas pelos eleitos, porque beneficiam de legitimidade democrática, em acordo com os empresários e os centros de saber desse território. Isto é, só faz sentido que as politicas aplicadas a um território sejam uma resposta eficaz ao crescimento sustentável das suas empresas, porque serão estas que terão a capacidade de gerar novos postos de trabalho em resultado do seu sucesso.
Na minha perspectiva, é esta REDE que falta às nossas empresas, para poderem ser vencedoras no competitivo mercado externo.
E é por falta dessas políticas, que os empresários ingleses do sector da transformação alimentar, não perderam um segundo da sua telenovela para observar as eleições autárquicas em Portugal.
A nossa desorganização será a sua apólice de seguro para o seu sossego económico.
22.2.13
Quebrar o Gelo!
Os meus filhos têm parcas memórias do tempo de Lisboa, sua terra natal.
Encantei-me com a qualidade do ar, com as paisagens e com o calor dos humildes.
Um dos meus filhos sofria de problemas respiratórios graves até à data da nossa migração. Nunca mais teve problemas!
A falta de trabalho da região não me afectou. Continuei a trabalhar para as mesmas empresas. Mas agora à distância.
Adaptei-me a quase tudo. Menos ao caciquismo.
As pessoas têm medo do lider que elegem. E por sua vez, o lider aproveita-se disso.
Foi no semanário “O Interior” que encontrei as primeiras vozes contra-corrente. Pessoas que não engavetam as suas opiniões.
E para quem não sabe, a diversidade é mais importante para o desenvolvimento de um território que os fundos estruturais nas mãos erradas.
Os consensos musculados são os melhores promotores de miséria social.
O tempo da Ditadura está na história para o provar.
Para mim, O Interior foi um facilitador da minha integração. Foi o quebra-gelo de um território isolado mas sem orgulho.
Aprender a viver com a diversidade é o desafio para a nossa região. Respeitar quem pensa diferente.
Felicito O Interior pelo seu 13º aniversário.
in O INTERIOR
13.2.13
Raia à Vista!
António
Plácido Santos, conhecido empresário trancosense, manifestou indignação
na sua página do Facebook com conduta da Associação Raia Histórica,
entidade gestora de fundos comunitários na nossa região.
Justifica tal indignação com a insistente impossíbilidade da “Casa da Prisca” em utilizar os canais financiados por tal organismo para a distribuição dos seus produtos.
Informa no mesmo texto que irá dar conta de situações irregulares à Senhora Ministra da Agricultura e à Gestora do Proder.
Em comentário a este texto, Júlio Sarmento, Presidente do Conselho de Administração da Raia Histórica, vem contestar a acusação, lembrando que aquela instituição tem apoiado diversos projectos da família Plácido Santos, e que nesta fase de implementação da rede de lojas, não é suposto integrarem industriais da região.
José Amaral da Veiga, profissional liberal e membro da Concelhia do Partido Socialista, vem apoiar a indignação do empresário, denunciando que tem tomado conhecimento de diversas denúncias sobre as contratações de serviços daquela entidade, bem como sobre a utilização abusiva das suas viaturas.
Em resposta, o autarca Júlio Sarmento vem repudiar a atitude “daqueles que não criam um posto de trabalho” e assume aqui a propriedade de dois investimentos locais. A saber: o centro de inspecções e o hotel.
Com esta revelação, junta-se ao estimado grupo de políticos lusos com ambição tardia para os negócios.
Aproveita ainda o seu comentário para sugerir uma candidatura aos fundos europeus a outro empreendedor insatisfeito, recomendando o contacto directo, em detrimento dos serviços competentes daquela associação.
Ciclicamente, a Raia Histórica é alvo de suspeitas sobre os critérios de atribuição dos fundos comunitários.
Esta situação é insustentável. Porque coloca em causa os critérios de gestão do Proder na região e porque atenta ao bom nome dos administradores e colaboradores da instituição.
Creio que estas criticas não podem ficar sem resposta, sob pena de se considerar como verdade que existem critérios discriminatórios na utilização dinheiros europeus.
Citando o filósofo Agostinho da Silva, “Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno."
Crónica de Frederico Lucas para a Rádio Altitude
Justifica tal indignação com a insistente impossíbilidade da “Casa da Prisca” em utilizar os canais financiados por tal organismo para a distribuição dos seus produtos.
Informa no mesmo texto que irá dar conta de situações irregulares à Senhora Ministra da Agricultura e à Gestora do Proder.
Em comentário a este texto, Júlio Sarmento, Presidente do Conselho de Administração da Raia Histórica, vem contestar a acusação, lembrando que aquela instituição tem apoiado diversos projectos da família Plácido Santos, e que nesta fase de implementação da rede de lojas, não é suposto integrarem industriais da região.
José Amaral da Veiga, profissional liberal e membro da Concelhia do Partido Socialista, vem apoiar a indignação do empresário, denunciando que tem tomado conhecimento de diversas denúncias sobre as contratações de serviços daquela entidade, bem como sobre a utilização abusiva das suas viaturas.
Em resposta, o autarca Júlio Sarmento vem repudiar a atitude “daqueles que não criam um posto de trabalho” e assume aqui a propriedade de dois investimentos locais. A saber: o centro de inspecções e o hotel.
Com esta revelação, junta-se ao estimado grupo de políticos lusos com ambição tardia para os negócios.
Aproveita ainda o seu comentário para sugerir uma candidatura aos fundos europeus a outro empreendedor insatisfeito, recomendando o contacto directo, em detrimento dos serviços competentes daquela associação.
Ciclicamente, a Raia Histórica é alvo de suspeitas sobre os critérios de atribuição dos fundos comunitários.
Esta situação é insustentável. Porque coloca em causa os critérios de gestão do Proder na região e porque atenta ao bom nome dos administradores e colaboradores da instituição.
Creio que estas criticas não podem ficar sem resposta, sob pena de se considerar como verdade que existem critérios discriminatórios na utilização dinheiros europeus.
Citando o filósofo Agostinho da Silva, “Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno."
Crónica de Frederico Lucas para a Rádio Altitude
9.12.12
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