"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

4.12.10

Geração Millenium exige novos talentos à Vodafone


O CEO da Vodafone diz que é fundamental ter talentos que saibam o que procuram os consumidores.
No sector das telecomunicações o tempo é medido de uma forma diferente. Para António Coimbra, CEO da Vodafone, pensar a longo prazo é, no máximo, dois anos. "A partir daí torna-se praticamente impossível fazer qualquer previsão sobre o futuro", disse ontem o presidente executivo da Vodafone Portugal na conferência CEO Experience "Os novos desafios da liderança e gestão de talento".
Para que o modelo de negócio se adapte a esta tendência, em que as novas tecnologias nascem à velocidade da luz, é fundamental compreender a geração de consumidores. "Por exemplo, a geração Millenium, que nasceu no ano 2000 é completamente diferente da geração Y, dos anos 90, ou da X, dos anos 80", afirmou o CEO da Vodafone, reforçando a convicção de que num mundo em constante mudança se torna muito arriscado fazer previsões para um período de tempo muito alargado. Na memória dos consumidores já nem há lugar para os telemóveis do tamanho de uma mala, agora que as tendências do mercado tornam obrigatório ter um ‘smartphone' e um ‘tablet' para ler o jornal.[CORTE_EDIMPRESSA]
Por isso, torna-se crucial ter nas empresas colaboradores que saibam o que estas gerações de consumidores procuram no mercado. "É fundamental actuar com rapidez, simplicidade e mudança. Isso é muito importante num mundo ágil e dinâmico. Porque senão fizermos depressa e bem perdemos a guerra", acrescenta o gestor da operadora de telecomunicações.
Na Vodafone, os colaboradores mais talentosos e que mais depressa identificam e se adequam às oportunidades de mercado, são constantemente motivados. "Nós temos de encontrar projectos e objectivos atingíveis em que as pessoas vejam a crise como uma oportunidade. É preciso passar uma mensagem positiva, porque se continuarmos com o sentimento de crise torna-se muito difícil reter o talento na empresa", explica o CEO da Vodafone. António Coimbra sugere mesmo que os colaboradores devem ser retirados "da zona de conforto".

Apostar na renovação
Na operadora há uma reunião mensal com os quadros da empresa para explicar o que se está a passar e a informação é, posteriormente, transmitida em ‘Web cast' para que todos se sintam envolvidos na cultura empresarial - a ‘Vodafone Way'. "Na cultura interna da Vodafone há um alinhamento entre as pessoas, para continuarmos a ser a empresa mais admirada no sector das telecomunicações pelos nossos colaboradores, parceiros e accionistas", diz Coimbra.
O gestor considera ainda que ter uma carreira profissional definida é uma coisa do passado. "As pessoas têm de apostar mais na auto-formação e as chefias têm de ter consciência disso", salienta. Por vezes, a concorrência no mercado faz com que aconteça o inevitável: a saída da empresa de alguns dos colaboradores mais talentosos.
Nesses casos, é preciso encontrar soluções e a troca até pode ser benéfica. "Claro que ninguém gosta de perder talentos, mas é bom para as pessoas saírem, para haver renovação de quadros. Depois, atraem-se outros", explica António Coimbra. É por isso que nenhum colaborador deve ser visto como um inimigo quando procura um novo desafio profissional.

A gestão da liderança na Vodafone
1 - Objectivos estratégicos 
A Vodafone tem critérios muito bem definidos para a gestão do talento e liderança: um conjunto de colaboradores qualificados e motivados, uma cultura interna que promova o alinhamento entre todos, passar aos clientes a mensagem de que a operadora é ambiciosa e competitiva e agir com rapidez e confiança.
2 - Relação com os accionistas
Sobre a relação com os accionistas, António Coimbra explica que o ‘stakeholder' principal é o grupo Vodafone e que, por isso, "conhece muito bem o negócio". "Sabe da poda", frisou. Mas isso não facilita a discussão das políticas orçamentais para a empresa, cuja negociação "é um momento fundamental. Dela depende o nosso descanso ou pesadelo."
3 - Práticas de gestão na empresa
Na Vodafone promovem-se as boas práticas de gestão com um conjunto alargado de sectores: parceiros, fornecedores e distribuidores. "Grande parte deles utiliza os nossos sistemas informáticos, de forma a passarmos o nosso ‘know-how' para os outros serem também melhores", sublinha o CEO da operadora de telecomunicações.

in Económico, António Sarmento

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