"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

8.10.06

Mais de uma centena de edificações deverão ser classificadas brevemente como Património de Interesse Municipal de Trancoso

O vestígio mais marcante que os seres humanos deixaram no Feital, uma pequena aldeia do concelho de Trancoso, foram os abrigos dos pastores que se espalham por toda a serra. No entanto, mais de uma centena de construções de granito, conhecidas por casotas ou casinhas, estão em risco de desaparecer. Tudo porque os vizinhos espanhóis continuam a carregar pedra "maneirinha", ao ritmo dos camiões fretados por intermediários que enriquecem, ou não, à custa da venda deste património beirão. Para tentar travar esta "exportação" indesejada, muito em breve vai ser apresentada na Assembleia Municipal de Trancoso uma proposta para classificar os abrigos dos pastores como Património de Interesse Municipal.
«O maior é quase do tamanho de uma sala» e fica a caminho de Vila Franca, para quem vai do Feital, indica. Em tamanho, as "casinhas" variam do abrigo para uma simples pessoa e, nalguns casos, de miniaturas construídas por jovens pastores que se treinavam para pedreiros. Outros ultrapassam os dez metros quadrados de área interior e podem abrigar duas dúzias de pessoas. O estilo também é variado. Há construções com um curral ou uma janela, para o pastor vigiar o rebanho, enquanto outras têm um banco de pedra, para abrigar o guardador de cabras ou ovelhas. Mas há mais pormenores, tal como as edificadas em forma de "L", suportadas por um muro ou um barroco, ou aquelas que fazem lembrar os "iglos" do Pólo Norte. «Imagino que algumas já tenham centenas de anos», estima António Lino, enquanto folheia mais umas fotos nos seus catálogos. «Esta aqui já não existe. Outras estão a ser destruídas, porque as suas pedras estão a ser levadas para Espanha, principalmente as que estão mais próximas de muros», alerta o fotógrafo amador. Por isso, um representante do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) já esteve no terreno durante o Verão e prometeu proteger aquele património histórico. Daí que, muito em breve, seja apresentada à Assembleia Municipal de Trancoso uma proposta para classificar os abrigos dos pastores como Património de Interesse Municipal.
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In "o Interior"

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