"Se pensas que és pequeno para fazer a diferença... tenta dormir num quarto fechado com um mosquito."
Provérbio africano, no editorial da revista "Recicla"

25.7.06

Inovação e Inclusão: "Nenhum concelho se desenvolve hoje sem industria"


Em meados dos anos 80 a minha avó paterna, empresária industrial com mais de 61 anos de idade, disse-me esta frase que até hoje não esqueci: "Nenhum concelho se desenvolve hoje sem indústria"
Passados 25 anos, curiosamente o periodo de maior desenvolvimento a nivel global, voltei a escutar esta frase nas terras da Beira Interior.
Gostava em primeiro lugar de revelar alguns dados históricos sobre a importância dos sectores de actividade ao longo do tempo:

- Anos 30
80% Sector primário (agricultura e pescas)
19% Sector secundário (indústria)
1% Sector terciário (serviços)

- Anos 40
70% Sector primário (agricultura e pescas)
27% Sector secundário (indústria)
3% Sector terciário (serviços)

-Anos 70
50% Sector primário (agricultura e pescas)
35% Sector secundário (indústria)
15% Sector terciário (serviços)

- Situação actual
15% Sector primário (agricultura e pescas)
20% Sector secundário (indústria)
40% Sector terciário (serviços)
25% Sector quaternário (comunicação e informação)

(dados aproximados, uma vez que não foi possivel confirmá-los com rigor junto do INE)

1ª Questão: Será espectável acreditar que a Indústria venha salvar algum municipio do desemprego? Que importância terá a indústria daqui a 20 anos?

2ª Questão: Estando o sector quaternário suportado funcionalmente nas redes de comunicação, isto é "banda larga", e permitindo que qualquer colaborador trabalhe em qualquer parte do globo por mérito dessas redes, será credivel pensar que esses trabalhadores vão fazê-lo nas cidades mais caras do seu país e onde existe menor qualidade ambiental?!

7 comentários:

Anónimo disse...

A industria é como o sexo e os relaciomentos, no início é só fulgor, depois já é uma sorte não arrotar ao jantar. Na industria acontece o mesmo, quando vêm é só benefícios, emprego, desenvolvimento, depois vem a poluição, precariedade até ao despedimento colectivo. Habituem-se que vem mais disto para o interior...São os ventos que correm!

Chuss

Ninive

Anónimo disse...

Oiz!
As minhas Respostas às duas questões:
1- Sim. Existem concelhos onde apenas uma unidade industrial pode suportar grande parte da economia local. É um risco tremendo, e que as autarquias em conjunto com os sindicatos e governo central têm de reduzir através de negociações com o patronato e acordos bem estruturados logo desde o início.
Penso também que a indústria terá uma importância superior daqui a 20 anos, pois acredito que vai haver cada vez mais necessidade de bens de consumo (de todo o tipo). Agora se Portugal e a própria Europa têm ritmo para acompanhar os países orientais neste campo é que eu duvido.
2- Não é credível. Penso que é um desperdício de meios, visto que na configuração actual deste sector a presença física é negligenciável. Desta forma, é indiferente para a satisfação do cliente (que deve ser sempre o alvo de qualquer empresa ou organização) a empresa funcionar em Loures, em Trancoso, em Tomar, em Londres, no Alaska ou no Sahara! Desde que haja "Rede"... pouco importa. É uma oportunidade a ser explorada pelas empresas de forma a reduzir os seus custos, quer a nível de infra-estruturas, quer a nível de custos com pessoal. As regiões menos favorecidas também beneficiam e muito como é óbvio.
Pergunta Ingénua: Porque se espera para avançar com esta medida?!

1 Abraço a todos!

VS
Vasco Simões

Al Cardoso disse...

Sim nao creio que a industria venha salvar o interior, creio sim que, sera nos servicos que estara essa salvacao, ja em tempos referi alguns; saude, terceira idade, turismo de saude, ecologico, historico e de natureza, para so referir algumas areas ainda nao exploradas, e bem assim os ja referidos pelos meus amigos telecentros. Haja imaginacao e trabalho com inovacao que ainda havera futuro para o interior.

Frederico Lucas disse...

Ninive,
Tenho algumas dúvidas que "venha" indústria.
Com dificuldade, instalação de novas unidades será em Portugal. Temos custos demasiado elevados para esse sector.

Frederico Lucas disse...

Caro Vasco Simões,
O que tenho vindo a dizer de forma insistente é que existe potencial na Beira Interior para assumir actividades do sector quaternário.
O que também assumo é que temos que começar a trabalhar hoje para recolher frutos daqui a 5-10 anos.

Um abraço


Frederico

Frederico Lucas disse...

Caro Albino,
Tenho reflectido sobre essa sua ideia e tenho-me confrontado com o seguinte enigma: Será que uma região com 9 meses de inverno rigoroso será um destino preferencial da 3ª Idade?

Fica a questão para reflexão e debate.


Um abraço

Frederico

I disse...

Olá Frederico!
As questões que levantas são muitissimo pertinentes. Sem me alargar muito nas respostas, julgo que a indústria seja, de facto, um meio de desenvolvimento de uma região. No entanto, daí a ser a sua salvação ao nivel do desemprego, já é mais relativo, até porque existem outros factores em jogo. Se atrás dela vem a consequente falta de qualidade de vida, depende muito da gestão que é feita. No entanto, seja em que sector for, se houver investimento e concretização com pés e cabeça, só poderá produzir mais investimento...sempre foi assim em todo o lado.
Quanto à segunda questão, é ainda mais complicada de responder. É um facto que o desenvolvimento das comunicações permite um aproximar fisico e que por essa ordem de ideias de qualquer parte do país se comunica com outro. Mas existem aspectos do dia a dia que as pessoas prezam mais do que a chamada qualidade de vida do interior. Existem pessoas que pura e simplesmente não sabem viver assim. E, por outro lado, o patronato nem sempre aceita bem a não presença fisica dos trabalhadores, mesmo que sejam mais eficazes e competentes...