No passado dia 29 de Maio, e durante uma presidência aberta designada por
Roteiro para a Inclusão, o Presidente da República fez saber que entendia como fundamental para o desenvolvimento a inclusão do interior do país no projecto nacional. Dito de outra forma, entende que a RECUPERAÇÃO ECONÓMICA DE PORTUGAL PASSA PELA DINAMIZAÇÃO DO INTERIOR.
«Penso que a partir de agora as câmaras vão ser chamadas muito mais do que no passado a estimular a criação de empregos e no domínio do desenvolvimento social e no estímulo à fixação de empresas»
E com isto, chamou à responsabilidade os presidentes de Câmara.
Mas, preocupado com a consequência que poderia advir das suas palavras, permitindo conclusões alargadas a muitos autarcas, esclareceu: «Depois da fase compreensível em que a prioridade ia para as infra-estruturas, penso que é chegado o tempo de atribuir elevada prioridade ao desenvolvimento social e dar sustentabilidade a esta prioridade»
O Blog Beira Medieval pôs
mãos à obra e lançou o debate sobre esta temática. Pretendia-se auscultar os visitantes sobre as necessidades actuais para a criação de emprego na região, quer em relação aos actuais estudantes quer em relação àqueles que vivendo nas grandes cidades têm um carinho especial pela beira interior e que por isso são visitantes frequentes deste blogue.
Devo reconhecer que parte do 1º objectivo não foi cumprido. Os actuais estudantes não visitam o blogue, deixando à sorte o seu futuro, e por isso não se fizeram ouvir. Mas preocupa-me observar a enorme afluência destes aos espaços internet e imaginar a decepção profissional que irão viver quando chegarem às empresas da região e verificarem que as tecnologias de informação ainda não estão presentes nas unidades empresariais: A consequência é
óbvia.
Sobre as soluções apontadas, resumem-se três eixos de intervenção:
a) Residências para a 3ª Idade. Face à tranquilidade da região, a Beira Interior tem condições naturais para acolher a 3ª idade. Os progressos da medicina trouxeram terceiras idade longas e isso fará disparar a necessidade dessas residências. Sobre este tema dever-se-á reconhecer que existe um longo trabalho da Misericórdia de Trancoso neste eixo, quer na àrea do investimento em infra-estruturas quer na àrea da formação em geriatria (assistentes de idosos). Ainda neste eixo foi proposta a criação de uma universidade para a terceira idade, elemento que poderia ser bastante diferenciador de outras residências. (estiveste bem, ninive!)
b) O segundo eixo de intervenção abordado foca-se no turismo em espaço rural. Este eixo é particularmente interessante porque o turismo na Beira Interior ainda está por explorar, vitima de uma focalização excessiva na neve durante as últimas decadas. Nesta àrea dever-se-á reconhecer o empenhamento dos autarcas da região na promoção das mais alargadas iniciativas de promoção turísticas. Julgo, mas trata-se de uma opinião pessoal, que os próximos anos vão trazer boas noticias para este sector.
c) O terceiro eixo prende-se com a IDADE DA INFORMAÇÃO. Depois da geração dos SERVIÇOS, considerado o 3º sector de actividade económica, chegou o sector quaternário COMUNICAÇÃO/INFORMAÇÃO. E, tal como ocorreu no passado, o ultimo sector de actividade acaba por alocar a maioria da população activa. Quando pensamos na redação de um orgão de comunicação social, num call center (que nascem como cogumelos e com os mais diferentes objectivos: Vendas; Cobranças; Assistência técnica etc.), produção dos mais diversos conteúdos comunicativos, estamos a pensar neste sector. E aqui nasce uma interessante oportunidade: Todos estes serviços trabalham remotamente num servidor, isto é, os operadores/colaboradores das instituições podem trabalhar em qualquer parte do planeta que as MILAGROSAS REDES DE DADOS permitem a actualização imediata no servidor das empresas. Ora, estando este planeta a viver uma FORTISSIMA CRISE DE COMBUSTIVEIS e existindo cada vez mais uma consciência social sobre QUALIDADE DE VIDA, a possibilidade de TELETRABALHO aparece como um destino incontornavel para a reorganização do trabalho. Esta modalidade tem 30 anos e não teve em muitas experiências bons resultados. Isto porque os teletrabalhadores têm que ser muito rigidos na auto disciplina e tal capacidade não é comum a muita gente. Como diz a Nathalie Monteiro, "em casa os motivos de distração são muitos".
A questão consequente é a seguinte: O insucesso do teletrabalho a partir da residência significa que todos temos que perder 2 a 4 horas diárias no trânsito citadino?
Jack Nilles respondeu com os
Telecentros! São escritórios nas zonas habitacionais onde a população se reune para teletrabalhar. CADA UM PARA A SUA EMPRESA! A diferença entre um centro de escritórios e um telecentro, é que no primeiro caso cada gabinete é uma empresa, no segundo cada pc é uma "filial" de uma organização!
O investimento para um telecentro ronda os 1000 euros por posto de trabalho e permite que a população trabalhe nos grandes centros urbanos apartir das zonas de maior qualidade de vida, isto é, do interior do país!
Mas para que tudo isto seja possivel, há um trabalho que só o governo pode fazer: A manutenção dos serviços públicos no interior. Seja o intercidades, os tribunais ou as maternidades. O interior tem que manter os serviços minímos para que a população possa disfrutar da qualidade de vida que só este pode oferecer.
Por outro lado, e porque esta qualidade de vida pode e deve ser partilhada, entendemos que o estado deveria ser o primeiro a descentralizar serviços pelo território nacional. E neste caso, a PT dá lições sobre descentralização: Inovação em Aveiro; Qualidade em Coimbra; Atendimento 118 em Cabo Verde, etc..
Termino este longo testamento com um forte agradecimento a TODOS os participantes na discussão.
Um forte abraço
Frederico